Marcelo defendia o alargar da vacina a mais idosos na primeira fase

Presidente da República e candidato a um segundo mandato garante que foi “exigente” com o Governo.

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Marcelo Rebelo de Sousa não antevê problemas nos próximos Orçamentos do Estado Nuno Ferreira Santos

O Presidente da República e candidato a um segundo mandato assumiu que defendia a administração da vacina contra a covid-19 a mais idosos na primeira fase que foi definida pelas autoridades de saúde. Em entrevista à RTP, Marcelo Rebelo de Sousa fez ainda um reparo sobre os salários na cúpula da TAP e tentou descolar da imagem de proximidade do Governo: “Eu estive com os portugueses”.

Na questão das vacinas contra a covid-19, o chefe de Estado disse ter chamado a atenção sobre a prioridade dos grupos – “não se esqueçam dos idosos” – e admitiu que a sua opinião era divergente da que acabou por constar do plano final, em que só os idosos dos lares foram incluídos na primeira fase. “A minha inclinação seria mais generosa nos idosos que entram no primeiro grupo, seria alargar”, disse, referindo depois que se conformou com a apreciação dos especialistas: “Se é uma opinião de natureza sanitária, eu aceito”. Neste ponto, Marcelo Rebelo de Sousa não criticou a ministra da Saúde, tendo até revelado que colaborou com a governante nos contactos com as farmacêuticas.

Já noutro tema de actualidade – os salários da administração da TAP – o Presidente da República contornou as críticas directas ao Governo, mas disse apelar “a bom senso” para “não haver aumentos” nos vencimentos da administração. O caso do novo presidente da companhia, que passou a ter um cargo executivo, “foi pontual”, mas Marcelo deixou uma nota sobre a percepção pública: “Se quer reestruturar a TAP, então é preciso conquistar a percepção. Deve fazer-se mais para a percepção ser melhor”.

A propósito da ponderação da sua recandidatura à Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa reafirmou que estiveram em cima da mesa questões de saúde e também a forma como decorreria a época de incêndios deste ano depois da tragédia de 2017. O chefe de Estado considerou que o ministro da Administração Interna foi “irrepreensível” em “matéria de fogos” e, em jeito de graça, revelou que apelou directamente a Eduardo Cabrita: “Senhor ministro, veja lá a época de fogos”. Já à pergunta sobre se a autoridade do ministro ficou diminuída por causa da morte de um cidadão ucraniano à guarda do SEF, Marcelo Rebelo de Sousa preferiu não responder, anunciando que vai gravar uma mensagem de Ano Novo para a Ucrânia, a pedido do seu homólogo.

Relativamente à estabilidade do Governo, o Presidente da República disse acreditar que “quem viabilizou dois orçamentos viabiliza mais dois”, considerando que não será “mais difícil para 2022 e 2023”. E admite que, por vezes, pode haver no primeiro-ministro a “tentação” de provocar eleições antecipadas por falta de “apoios máximos ou por coligações negativas”. Mas, no caso de um futuro chumbo orçamental no Parlamento, o chefe de Estado garante que aplicará a “teoria” que definiu: Se “há uma solução de Governo com a mesma composição, sim [mantém-se o Governo]; se não há, há que ponderar a dissolução”.

À pergunta sobre se a direita está desiludida com Marcelo Rebelo de Sousa por causa da proximidade ao Governo do PS, o candidato afastou colagens ao executivo. “Eu tive observações críticas com o Governo, eu não estive com o Governo, estive com os portugueses”, disse, sustentando a sua posição na vontade dos portugueses manifestada em sondagens. Foi “exigente” com o Governo, mas admite que essa censura “muitas vezes não é visível”. Perante a insistência sobre a desilusão da direita, Marcelo Rebelo de Sousa afastou proximidades com quaisquer partidos: “O Presidente é independente, não sou Presidente de facção. Umas vezes não gostam os socialistas, outras os sociais-democratas, os centristas, outras é a esquerda radical. É a vida”.

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