Covid-19: Uruguai fecha e militariza fronteiras com Brasil e Argentina

Medida vai durar 20 dias, até o dia 10 de Janeiro, pelo menos, com o objectivo de prevenir o contágio durante as festas de Natal e fim de ano.

Foto
Há cidades onde basta atravessar a rua para mudar de país Reuters

O Uruguai, o país que melhor controlou a pandemia de covid-19 na América do Sul, vai fechar-se por completo nos próximos 20 dias e enviar tropas para as fronteiras com Brasil e Argentina.

A partir desta segunda-feira, o Uruguai fecha as suas fronteiras terrestres, marítimas, fluviais e aéreas por 20 dias, até o dia 10 de Janeiro, pelo menos, com o objectivo de prevenir o contágio durante as festas de Natal e fim de ano.

A medida, que é prorrogável, vale até mesmo para os uruguaios que estão no exterior, a não ser que tenham passagem de volta comprada antes do dia 16 de Dezembro.

Ao mesmo tempo, o país reforça as fronteiras terrestres com Brasil e Argentina ao enviar 500 militares do Exército e da Marinha a 25 postos de controlo.

Só estarão autorizados a cruzar o limite do país o transporte de carga e a ajuda humanitária.

A fronteira entre o Uruguai e a Argentina é dividida pelos rios Uruguai e da Prata, sendo o controlo migratório fácil de administrar.

A maior preocupação do país é a fronteira seca com o Brasil, por onde o vírus entra mais facilmente a partir das chamadas cidades binacionais. Das seis cidades binacionais, as de maior preocupação são aquelas em que basta atravessar a rua para atravessar a fronteira: Chuy (Uruguai), Chuí (Brasil), Rivera (Uruguai) e Santana do Livramento (Brasil).

Nessas cidades binacionais com o Brasil, o controlo uruguaio será ainda mais rígido, avisou o ministro da Defesa uruguaio, Javier García, responsável pela operação militar.

“Seremos muito estritos com o cumprimento da lei. Tanto nos 25 postos de controlo como nas pontes, a fronteira estará fechada. Nas cidades binacionais, serão exigidos documentos de identidade e controlados os movimentos migratórios”, sublinhou o ministro numa conferência de imprensa na noite de domingo.

Milhares de uruguaios moram no Brasil e, sobretudo, na Argentina. Até agora, para entrar no Uruguai, era obrigatório um exame de PCR negativo.

O objectivo é bloquear o contacto com o exterior durante o período de festas, considerado o ponto de inflexão entre manter e perder o controlo sobre o vírus, mesmo no país que conseguiu domá-lo até agora e que ainda está na subida da primeira onda.

Ao interior do país, ficam proibidas as aglomerações em espaços públicos e privados.

O distanciamento social e o uso de máscara, além de outras medidas de prevenção, passam a ser obrigatórios.

Poderá haver fiscalização para detectar reuniões entre parentes e amigos com mais de dez pessoas, algo também proibido. A desobediência será multada entre 750 e 25 mil euros.

Até agora, a mobilidade no Uruguai era total. Só não estavam permitidas as festas sem protocolo e acima de 65 pessoas. O uso de máscaras não era obrigatório nas ruas. Apenas no transporte público e no trabalho.

As medidas que já são consideradas normais em outras latitudes ainda não eram adoptadas de forma extensiva no Uruguai, até agora uma ilha de sucesso, cercada de coronavírus pelo Brasil e pela Argentina.

Com 3,450 milhões de habitantes, dos quais a metade está concentrada em Montevidéu, o número total de infectados é de 13.048, quase o triplo de um mês atrás. Os óbitos  somam 119 pessoas.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários