Homem preso por injuriar, agredir e violar a mãe

Mulher de 75 anos procurou sempre esconder a violência a que o filho a sujeitaria – por medo, por vergonha e pela vontade de o proteger, apesar de tudo.

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NFS - Nuno Ferreira Santos

Não terá sido a primeira vez que as agressões levaram a mulher, de 75 anos, a requerer assistência médica. Nunca se queixou do filho. Dizia sempre que se descuidara, que caíra, que fora contra qualquer coisa. Esta semana, o filho, de 47 anos, entrou numa prisão, onde ficará a aguardar julgamento por violação e violência doméstica.

O suspeito, inactivo, com a profissão de canalizador, vivia com a mãe, na freguesia de Esmoriz, no concelho de Ovar. Além de injuriar a mãe e de lhe bater com frequência, tê-la-á obrigado, inúmeras vezes, a sujeitar-se a práticas sexuais.

O fim começou a delinear-se no sábado. Uma vez mais, a senhora teve de receber tratamento hospitalar. A Polícia Judiciária pôs-se a investigar e, apesar da inicial relutância da vítima, não tardou a desvendar o mistério. Deteve o suspeito na segunda-feira e terça-feira apresentou-o “às autoridades judiciárias competentes na comarca de Aveiro para interrogatório judicial, tendo-lhe sido aplicada a medida de coacção de prisão preventiva”.

Rui Nunes, responsável pelo Departamento de Investigação Criminal da Polícia Judiciária de Aveiro, não sabe ainda precisar quando os abusos principiaram. “A situação deve ter alguns anos”, diz. “É uma situação de miséria. Há muito álcool à mistura.”

O homem tem um grave problema de alcoolismo. E a mãe procurou sempre esconder a violência a que este a sujeitaria – por medo, por vergonha, pela vontade de proteger o filho, apesar de tudo. Sempre que a violência era tanta que tinha de receber assistência médica, mascarava os sinais. Desta vez, ao ser confrontada pelas autoridades, acabou por falar.

Com o filho em prisão preventiva, a senhora pôde regressar a casa em segurança. “A situação dela ficou acautelada”, diz Rui Nunes. Não fosse o tribunal ter optado por aquela medida de coacção, seria necessário encontrar-lhe um lar. As estruturas residenciais para idosas vítimas de violência doméstica, já anunciadas pelo Governo, ainda não saíram do papel.

Há cada vez mais casos de violência doméstica a envolver idosos. À Polícia Judiciária chegam os mais graves, que envolvem violência sexual ou homicídio. 

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