OMS vai decidir sobre certificação da vacina da Pfizer dentro de dias

Já foram garantidas perto de mil milhões de doses para os países mais pobres, através da iniciativa COVAX.

Foto
O director da OMS apela aos líderes mundiais para que cumpram as suas promessas de financiamento MARTIAL TREZZINI/LUSA

A Organização Mundial da Saúde (OMS) assegurou perto de mil milhões de doses de possíveis vacinas contra a covid-19, anunciou nesta quinta-feira, em conferência de imprensa virtual Tedros Adhanon Ghebreyesus, director-geral desta agência das Nações Unidas. O próximo passo é certificá-las, para poderem ser usadas – e a da Pfizer poderá ter a certificação dentro de dias ou semanas, disse uma cientista da OMS.

Estas vacinas serão adquiridas através do mecanismo COVAX, que pretende garantir que pelo menos 20% da população mundial será imunizada contra o novo coronavírus no fim de 2021. Mas se as que são adquiridas pela União Europeia e pelos EUA são avaliadas em termos de segurança e eficácia pela Agência Europeia do Medicamento e pela Food and Drug Administration, respectivamente, a OMS cumpre esse papel para muitos outros países de baixos rendimentos. 

“A OMS está a avaliar o dossier apresentado pela Pfizer, e uma dezena de farmacêuticas expressaram interesse em enviar os seus dados, desde que a agência publicou a sua manifestação de interesse, há quatro ou cinco semanas”, explicou Soumya Swaminathan, cientista da OMS. “Não queremos que cada país tente iniciar o seu próprio processo de avaliação para vacina, isso demoraria imenso tempo”, concluiu.

O trabalho está ainda muito longe de terminado na iniciativa COVAX, no qual participam 189 países alguns como doadores, outros, 92, os mais pobres e que dificilmente teriam acesso a vacinas para a covid-19 sem ajuda, como beneficiários. “São ainda necessários quatro mil milhões de dólares de financiamento”, sublinhou o director-geral da OMS. “Muitos líderes mundiais fizeram promessas nos últimos meses, e essas promessas têm de ser traduzidas em acções”, frisou Tedros Ghebreyesus.

Os países ricos acumularam a grande maioria da capacidade mundial de produção de vacinas para a covid-19, mesmo antes de se saber quais poderão ser eficazes, deixando os países com menos recursos económicos sem capacidade de acesso.

“Vamos ter de ultrapassar desafios para desenvolver as vacinas, e também de escassez dos produtos, como já começámos a perceber, com os problemas de produção de algumas farmacêuticas. Ainda temos um longo Inverno à nossa frente, antes de chegar à luz ao fundo do túnel”, comentou Bruce Aylward, conselheiro principal do director-geral da OMS.

Prova dessas dificuldades é que nesta sexta-feira os grupos farmacêuticos Sanofi e GSK anunciaram que a vacina da covid-19 que estão a desenvolver não estará pronta no início do segundo semestre de 2021, como se esperava, e não o estará antes do último trimestre do próximo ano. Não provoca a reacção de imunidade esperada.

Sugerir correcção
Comentar