Árvore portuguesa de 2021 é o imponente plátano do Rossio de Portalegre

O plátano do Rossio de Portalegre vai representar Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano 2021.

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Ana Santos

O plátano do Rossio de Portalegre é a árvore portuguesa de 2021. Com 2401 votos, acabou de vencer a votação online Árvore Portuguesa do Ano 2021 e representará Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano. Plantado em 1838, este plátano de porte majestoso guarda muitas das memórias da cidade.

Ainda no pódio do concurso, ficou em segundo lugar a oliveira do Mouchão, em Mouriscas, no concelho de Abrantes (com 2213 votos). Logo a seguir, em terceiro lugar, está uma Schotia do Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa (com 1883 votos).

Depois, por ordem decrescente, ficou uma bela-sombra de Ílhavo; um pinheiro-bravo de São Pedro de Moel (designado “O Bravo do Pinhal do Rei”); um carvalho-alvarinho de Calvos, Póvoa de Lanhoso (de seu nome “Carvalho dos Calvos”); um castanheiro de Guilhafonso, em Pêra do Moço, Guarda; um tulipeiro de Braga (o “Tulipeiro dos Biscainhos”); um freixo-comum de Freixo de Espada à Cinta (o “Freixo Duarte D’Armas”); e uma tília de Sameice, Seia (a “Tília do Solar dos Condes de Arnoso”).

Ao todo, foram registados 13.750 votos. O concurso é organizado a nível nacional pela da União da Floresta Mediterrânica – UNAC e a nível europeu pela Associação de Parceria Ambiental (EPA).

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O plátano situa-se num jardim em Portalegre Ana santos

“Julgo que é um enorme orgulho para toda a população de Portalegre”, reage à vitória do plátano João Nuno Cardoso, vice-presidente e vereador do ambiente da Câmara Municipal de Portalegre, que propôs a árvore a este concurso. “Todos sentimos o plátano como uma parte de nós.”

O plátano do Rossio de Portalegre foi plantado em 1838 – tem agora 182 anos – pelo médico e botânico José Maria Grande. “Foi plantado numa zona da cidade que, na altura, não seria assim tão central”, conta João Nuno Cardoso. Hoje, já não é bem assim. O local onde se situa é uma referência em Portalegre e a árvore guarda uma série de histórias da cidade.

Entre as várias histórias, João Nuno Cardoso recorda que um dos clubes da cidade, o Sport Clube Estrela, foi fundado debaixo do plátano. “Era também o sítio onde antigamente se faziam mercados, onde se negociava gado e onde os agricultores das terras aqui à volta se juntavam”, recorda. “Em tempos remotos, sendo a maior árvore da cidade, os vencedores políticos gostavam de subir à árvore com a sua bandeira.” O vice-presidente destaca ainda que esta é a mais antiga árvore classificada de interesse público em Portugal, tendo sido registada a 28 de Agosto de 1939.

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O plátano foi plantado em 1838 João Nuno Cardoso

Ao nível da copa e do perímetro do tronco, este é considerado o maior plátano da Península Ibérica de que se tem conhecimento até agora, de acordo com o Município de Portalegre. “Segundo informação sobre os que estão referenciados junto das entidades competentes – ou seja, dos conhecidos e já medidos –, em termos de volume/diâmetro de copa, perímetro de tronco e dos da sua espécie, é o maior da Península Ibérica”, refere Ana Santos, técnica superior da Divisão de Ordenamento, Planeamento e Gestão Urbanística do Município de Portalegre.

Este plátano (de seu nome científico Platanus hybrida) tem um porte majestoso: 23 metros de comprimento, sete metros de perímetro de tronco e 37 metros de diâmetro de copa. “É uma árvore imponente que estende os seus braços para os dois lados da avenida [da Liberdade, onde se localiza]”, descreve João Nuno Cardoso. “Quem chega a Portalegre não consegue não ver uma árvore com aquela dimensão.”

Parte da identidade dos portalegrenses

O vice-presidente diz que este plátano é “tratado como um idoso”. Periodicamente, é feito um levantamento das patologias da árvore – como um que foi feito esta semana pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas – para que se identifiquem doenças que possam existir. Depois, por norma, uma equipa da Fundação Serralves realiza o seu tratamento e poda. “É uma árvore cuidada como quem cuida de um avô.”

Situada num jardim, esta é também uma árvore importante para a cidade a nível sociológico. “Está num sítio de passagem e as pessoas sentam-se na sua sombra, conversam...” E é considerado um dos ex-líbris de Portalegre. “Não há guia turístico da cidade que não tenha uma referência ao plátano. Faz parte da nossa identidade.” João Nuno Cardoso diz que se conta que, em tempos, se terá decidido cortar o plátano e que o tronco chegou a ser serrado até meio. Contudo, os portalegrenses revoltaram-se e não permitiram que isso acontecesse.

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O plátano tem 37 metros de diâmetro de copa Ana Santos

“Não dá para ficar indiferente ao carinho especial que os portalegrenses sentem por este monumento vivo”, lê-se num comunicado da UNAC. “De impressionante resiliência, continua a pasmar admiradores, a ouvir desabafos de solitários e a inspirar artistas atendendo à sua singularidade estética, à sua importância botânica e comunitária.”

No próximo ano, o plátano do Rossio de Portalegre vai representar Portugal no concurso Árvore Europeia do Ano. O concurso decorrerá através de um sistema de votação online durante Fevereiro.

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Foi plantado pelo botânico José Maria Grande Ana santos

A escolha de um plátano é uma novidade no concurso em Portugal. No comunicado, destaca-se que, ao contrário do que aconteceu nas edições anteriores, em que se escolheram árvores características dos sistemas produtivos agro-florestais (como dos montados e soutos), “pela primeira vez, neste concurso nacional foi eleita uma árvore ornamental e exótica em Portugal, e que foi, provavelmente, introduzida por gregos ou romanos”. 

Em 2018, a árvore portuguesa foi o Sobreiro Assobiador da aldeia de Águas de Moura (no concelho de Palmela), que ficou em primeiro lugar no concurso Árvore Europeia do Ano. Depois, em 2019, foi escolhida a Azinheira Secular do Monte do Barbeiro, que fica a cerca de sete quilómetros da aldeia de Alcaria Ruiva, no concelho de Mértola, e que ficou em terceiro lugar no concurso europeu. Já a árvore portuguesa de 2020 foi o castanheiro de Vales, em Tresminas, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, que ficou em sexto lugar a nível europeu. Esperamos para ver qual o lugar alcançado pelo majestoso plátano de Portalegre.

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