Rio - finalmente chega o diabo às costa de Centeno

O líder do PSD o que quer é ser primeiro-ministro e para tanto está disponível para vender a alma a André Ventura.

Rio quando foi eleito líder do PSD logo anunciou urbi et orbe que dali em diante a política do vale tudo ia acabar. Com ele ao leme bem podia Emanuel Kant jazer tranquilamente que o primado da ética singraria. A paz e a moral repousariam eternamente no nosso quadrado. Amen. Até ao dia em que precisou do Chega para ser governo regional. O partido mais votado já não seria chamado a formar governo como garantira aquando da formação do governo PS com apoio à esquerda. Explicou: foi o PS que furou a regra no Continente, por que razão não haveria de formar um governo com o apoio do Chega já que as condições impostas são inócuas?

Por serem inócuas nos Açores, Rio deixou claro na TVI que o sendo no Continente também haverá acordo. Mas disse e repetiu com estardalhaço que nunca um governo dele ficará nas mãos do Chega. Só que não explicou o seguinte: se o Chega tirar o apoio ao governo nos Açores o governo cai, a conclusão é óbvia que se no Continente o PSD precisar do apoio do Chega e este lho der e depois lho retirar o governo cai, dado que a lei da gravidade de Newton também se aplica aos corpos parlamentares. O que é relevante nesta tirada à conselheiro Acácio está no facto do senhor doutor não fazer contas. Normalmente os economistas fazem contas, mas as de Rio não chega(m) a este elevado valor aritmético.

Rio para justificar o acordo alega ainda a inocuidade das condições; pois bem se o são para o PSD são também para o Chega, o que vale dizer que chegam bem um para o outro. Se calhar são um faz de conta. No dia em que o Chega achar que é melhor mandar o governo ao charco por ser contra o sistema, lá vai o governo fazer fila para entrar no Peter's no Faial para depois ir à vela.

Entretanto convém recordar que o acordo governamental é com o CDS, PPM, mas quem aparece em todo o lado é o Chega por obra e graça de Rio.

Mas Rio foi mais longe e afinal veio dar razão a Passos Coelho avisando que vem aí o diabo. Vai chega(r) com a aprovação do Orçamento. E invocou o salmo de São Centeno a propósito dos apoios sociais aos portugueses em risco. Rio e pelos vistos Centeno acham sempre que se pode apoiar a banca com milhares de milhões para o estoiraram, mas apoios aos mais desfavorecidos nunca, estes é que têm de apoiar a banca e o Estado deve existir para tal. E os culpados são alguns dos reformados que vão ter mais dez euros por mês e alguns funcionários públicos mais uns tantos euros poucochinhos e o SNS mais enfermeiros e médicos.

Se se reparar bem é a ladainha de Ventura – as funções sociais do Estado devem ser reduzidas ao mínimo e passar a pagá-las aos privados, os que estão em cheio por trás do apoio ao Chega para o virem a recuperar em força.

Que importa a Rio que Ventura mande a deputada Joacine para África? Ou insulte a etnia cigana? Ou queira introduzir a prisão perpétua e a castração química? Ou a laqueação dos ovários às mulheres que abortarem no SNS, às outras que podem ter acesso aos privados nem pensar. Ou que continue a espalhar ódio e racismo?

Rio o que quer é ser primeiro-ministro e para tanto está disponível para vender a alma a André Ventura. Porém, como se sabe, até hoje, o diabo nunca fez maus negócios, desde que foi escorraçado do Céu para atormentar os mortais.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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