Pandemia “obriga” à criação de novos seguros

Galamba de Oliveira destaca a necessidade de novas coberturas dos seguros de acidentes de trabalho, ajustadas ao teletrabalho e a necessidade de cobertura de novos riscos decorrentes de novas soluções de mobilidade urbana

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Paulo Pimenta

O presidente da Associação Portuguesa de Seguradores  (APS), José Galamba de Oliveira, defende, em declarações ao PÚBLICO, que o “o sector segurador em Portugal é altamente competitivo”, mas assume que o “actual contexto é um desafio à inovação, à criatividade, à melhoria de processos com vista a uma maior eficiência com menores custos”, adianta Galamba de Oliveira, até porque, acrescenta, “a vida não voltará a ser como era antes da pandemia”.

Por isso, diz, é preciso “ver para lá da crise e encontrar respostas para os novos hábitos de vida, as novas formas de trabalho e de mobilidade, as novas empresas e empresários, os novos riscos”. E para tudo isso, “a tecnologia vai ser cada vez mais importante” refere.

E neste domínio, Galamba de Oliveira destaca a necessidade de novas coberturas dos seguros de acidentes de trabalho, ajustadas ao teletrabalho, ou a soluções híbridas (em casa e nas empresas). Também porque há mais pessoas a trabalhar em casa, pode justificar-se ajustamentos aos seguros multirriscos. E ainda a necessidade de cobertura de novos riscos decorrentes de novas soluções de mobilidade urbana, como o uso crescente da bicicleta e de trotinetes, partilhadas ou pessoais.

Paralelamente, as seguradoras estão a oferecer soluções mais flexíveis, como é a possibilidade dos melhores condutores poderem ter um desconto adicional no prémio de seguros, para além do que existe quando não são responsáveis por sinistros rodoviários. Para isso, os condutores terão de aceitar partilhar com a seguradora, através da instalação de uma box no veículo, informações sobre as características de condução, refere o presidente da APS, adiantando que esta solução está a ter sucesso em Itália e já está em teste-piloto em Portugal.

Regulador vai dar especial atenção aos seguros de saúde

A oferta de seguros voluntários de saúde, contratados por particulares, é numerosa, e a linguagem, como quase todos os seguros, é de difícil compreensão para o cidadão comum. Mas a procura por estes produtos tem vindo a aumentar (+ 8,9% nos primeiros nove meses do ano), a que não é alheio o envelhecimento da população e o actual contexto de pandemia.

Consciente das particularidades destes produtos, a Autoridade para a Supervisão dos Seguros e Fundos de Pensões (ASF) anunciou recentemente que “está a trabalhar num conjunto de medidas regulatórias que contribuam para um desenvolvimento equilibrado do mercado, salvaguardando um posicionamento mais informado dos consumidores e requisitos de transparência que são exigíveis num tipo de seguro com esta relevância económica e social”. O anúncio foi feito por Margarida Corrêa Aguiar, presidente do regulador dos seguros, numa conferência organizada pelo Jornal de Negócios.

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