Líderes do G20 começam a perspectivar um mundo pós covid-19 e sem Donald Trump

Cimeira do G20 decorre este fim-de-semana por videoconferência. Mas não é por isso que a Arábia Saudita escapará a críticas por causa dos direitos humanos.

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A tradicional foto de família dos membros do G20, projectada no edifício onde deveria decorrer a cimeira, em Riad LUSA/G20 RIYADH SUMMIT HANDOUT

O Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, ainda não terá interiorizado a sua derrota nas eleições de 3 de Novembro, mas os líderes dos outros membros do G20 já viraram a página e, apesar de ainda faltarem dois meses para a transição de poder na Casa Branca, já estão a trabalhar com a próxima Administração liderada por Joe Biden.

Prova disso foram as declarações da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esta sexta-feira, na antevisão da cimeira anual desse fórum internacional de cooperação económica, formado por 19 países e a União Europeia, que vai decorrer este fim-de-semana, por videoconferência.

Os líderes, que foram chamados a discutir ideias para um mundo pós covid-19, começaram também a perspectivar o futuro pós Donald Trump, que esperam seja mais resiliente, sustentável e inclusivo. Para a líder do executivo comunitário, a reunião pode abrir “um novo capítulo na cooperação multilateral para enfrentar os desafios globais com que todos nos confrontamos, depois de um ano muito difícil”.

Referindo-se ao combate contra a pandemia do novo coronavírus e as alterações climáticas, dois dos quatro temas da agenda oficial do encontro, Ursula von der Leyen apontou as declarações do Presidente eleito dos EUA, para reforçar a sua mensagem de “oportunidade” e de “mudança”, no sentido de um maior envolvimento norte-americano com os seus aliados e parceiros internacionais. “Com efeito, a próxima Administração já se comprometeu a aumentar a cooperação multilateral, incluindo no campo da saúde”, disse.

A presidente da Comissão lembrou que, no próximo ano, a UE vai co-organizar com a presidência italiana do G20 uma cimeira global da saúde em Roma, e manifestou a sua esperança de que, ao contrário de Donald Trump, o próximo Presidente dos EUA esteja interessado em participar na iniciativa.

E no capítulo do clima, disse esperar igualmente “um novo momentum dos Estados Unidos”, que sob a liderança de Donald Trump quebrou o consenso do G20 em torno da necessidade de redução das emissões de gases com efeitos de estufa, por causa da sua oposição ao Acordo de Paris — que Joe Biden já prometeu voltar a assinar. “Este num grande passo em frente”, considerou.

Pelo seu lado, o presidente do Conselho Europeu, disse que pelo facto de se tratar de uma reunião virtual, e de os líderes não terem podido viajar até Riad como previsto, a presidência da Arábia Saudita conseguiria escapar às críticas por causa dos direitos humanos. “Na UE nunca hesitamos, a nível multilateral, em chamar atenção para os direitos humanos e promover a defesa de outros valores fundamentais”, garantiu.

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