Direcção de Rui Rio em silêncio sobre proposta de congresso extraordinário

As ondas de choque da proposta de Jorge Moreira da Silva ainda não se fizeram sentir. Miguel Pinto Luz saiu em defesa da posição do líder do PSD.

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Rui Rio tem vivido paz interna desde que foi reeleito líder do partido LUSA/RODRIGO ANTUNES

Foi com silêncio que a direcção de Rui Rio recebeu a proposta do antigo vice-primeiro presidente de Passos Coelho, Jorge Moreira da Silva, sobre um congresso extraordinário no PSD para clarificar a posição do partido sobre alianças em contexto eleitoral depois do entendimento parlamentar com o Chega nos Açores.

Jorge Moreira da Silva quebrou o silêncio de há quase um ano para assumir que discorda frontalmente da solução encontrada nos Açores não só por ser o PSD regional a liderar uma coligação de Governo (com CDS e PPM) quando não foi o mais votado nas urnas, mas sobretudo por ter celebrado um acordo parlamentar com o Chega para viabilizar o executivo naquela região autónoma.

Um congresso extraordinário só pode ser pedido por deliberação do conselho nacional (não há nenhum previsto nos próximos tempos) ou por subscrição de 2500 militantes. Para já, a direcção de Rui Rio abstém-se de responder. 

O silêncio público em torno da proposta foi dominante ao longo desta segunda-feira, o que pode ser justificado com a situação política e com o momento que o partido vive. Fontes sociais-democratas contactadas pelo PÚBLICO vêem esta iniciativa como um acto isolado que tem mais em vista futuras disputas eleitorais internas do que uma acção imediata. Até porque as estruturas do partido estão preocupadas com as próximas autárquicas e afastam quaisquer iniciativas que perturbem a paz interna que o PSD tem vivido desde o congresso de Fevereiro. 

Jorge Moreira da Silva, que cumpre um mandato de três anos como Director de Cooperação para o Desenvolvimento da OCDE, chegou a ponderar ser candidato à liderança do PSD há um ano mas acabou por desistir, tendo ficado na corrida o próprio Rui Rio, Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz.

Foi precisamente o vice-presidente da Câmara de Cascais que saiu em defesa da posição de Rui Rio. Miguel Pinto Luz sustentou que o tema das potenciais alianças foi discutido nas últimas eleições e que “ninguém pode acusar o dr. Rui Rio de não ter sido suficientemente claro” sobre isso.

Defensor da solução política encontrada nos Açores, Pinto Luz acaba por dar um recado aos que se resguardam quando percebem que o PSD não é poder. “Rui Rio está hoje mais próximo de continuar a liderar o PSD e isso baralha o calendário de muitos”, afirmou em declarações à Lusa.

A posição assumida por Miguel Pinto Luz contrasta com a de José Eduardo Martins, antigo secretário de Estado do Ambiente, que já considerou o acordo com o Chega como “o maior erro” do PSD nos seus 35 anos de militância. Essa sua rejeição levou-o a assinar a carta aberta contra a partilha de terreno entre as “direitas democráticas” e os “iliberalismos” ao lado de Miguel Poiares Maduro (que é membro do conselho consultivo do PSD), de figuras do CDS e de outras personalidades da sociedade portuguesa.

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