Pais consideram que a pandemia os aproximou mais dos professores e vice-versa

Inquérito com respostas de cerca de 23 mil pais dá conta que, com confinamento, estes passaram a valorizar mais o papel dos professores.

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Foram inquiridos cerca de 23 mil pais Nelson Garrido

A pandemia de covid-19, e em especial ao confinamento a que nos obrigou, aproximaram pais e professores, esbatendo “claramente as clivagens que por vezes se sentem entre eles”. O que “terá tornado a escola mais humana, mais dependente do esforço conjunto de pais e professores e mais cooperante”. Esta é uma das principais conclusões do estudo O papel da escola na pandemia, do ponto de vista dos pais, promovido pelo projecto Escola Amiga da Criança em parceria com a Católica Porto Business School e a Faculdade de Psicologia da Universidade Católica do Porto.

A recolha de dados decorreu entre Junho e Julho, tendo sido obtidas 23.136 respostas. Os resultados do estudo serão apresentados às 18h30 desta quinta-feira no canal de Youtube da LeYaEducação. Mas pelas conclusões a que o PÚBLICO já teve acesso fica-se a saber, por exemplo, que os pais consideram que os professores têm um “papel determinante na aprendizagem dos seus filhos (4,54 numa escala de 5) e que valorizam o esforço que estes fizeram “na adaptação aos desafios que a quarentena trouxe à educação” (4,05). Indicam também que durante o confinamento “a comunicação com os professores foi regular e contínua” (4,07 numa escala de 5).

Devido à pandemia, os alunos do 1.º ciclo ao 10.º ano foram para casa em Março e já não voltaram à escola até ao final do ano lectivo. Os do 11.º e 12.º ano regressaram em meados de Maio para prepararem os exames nacionais. Durante a quarentena, 26% dos pais referem que passaram mais de duas horas por dia a apoiar os filhos nos trabalhos escolares e 40% reduziram este encargo a uma ou duas horas diárias.

E quais foram as principais dificuldades sentidas neste tempo pelos pais? Ter tempo para conciliar com todas as outras tarefas que já tinham (27%); cansaço e disponibilidade mental (19%); conciliar com o teletrabalho (15%) e com as necessidades dos vários filhos (15%).

Quanto ao tipo de apoios prestados aos filhos, destaca-se a monitorização da atenção e realização das tarefas escolas por parte dos filhos (35%) e o apoio na realização destas (27%).

Neste questionário também foi perguntado aos pais quais as principais dificuldades que os seus filhos tiveram nesta experiência de ter aulas em casa. E a principal é também uma das que mais se faz sentir, tanto em testes, como em exames: dificuldade na interpretação e compreensão (33,5% em todos os anos de escolaridade). Seguem-se-lhe a “resolução de actividades” (22,3%) e a pesquisa para a realização das mesmas (21,7%).

Por outro lado, fica confirmada a importância da presença de um adulto para que os alunos levem as suas tarefas a bom porto: só 24% dos pais dão conta de que os filhos “realizaram sozinhos as tarefas escolares”. Para 50% dos alunos, as actividades no âmbito do ensino à distância ocuparam duas a quatro horas por dia, bem menos do que nas aulas presenciais que chegam a prolongar-se por oito horas.

Talvez esta discrepância se deva, em parte, a disciplinas que ficaram ausentes do cenário. Foi o que se passou para 19% com expressão física ou motora ou com 8% no caso das ciências exactas. Em média, 15% dos pais indicam que os filhos não tiveram todas as disciplinas durante o tempo de ensino à distância.

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