Paleontólogos descobrem ovos de dinossauros com 68 milhões de anos nos Pirenéus

O projecto internacional de investigação de paleontólogos portugueses e espanhóis encontrou ovos com mais de 68 milhões de anos que acreditam ser de saurópodes titanossauros, dinossauros herbívoros quadrúpedes com longas caudas e pescoços que podem chegar aos 30 metros de comprimento.

Foto
Octávio Mateus, paleontólogo, no Museu da Lourinhã, em 2019. Nuno Ferreira Santos

Paleontólogos portugueses e espanhóis estão a escavar uma jazida com ovos de dinossauro com 68 milhões de anos, pertencentes ao final do período Cretáceo, perto dos Pirenéus, disse, esta terça-feira, um dos investigadores que espera poder encontrar os primeiros embriões de dinossauro no país.

A equipa internacional, composta por investigadores da Universidade Nova de Lisboa e do Museu de Lourinhã e do Grupo Aragosaurus da Universidade de Saragoça, estima que os ovos pertençam a dinossauros saurópodes titanossauros, herbívoros quadrúpedes com caudas e pescoços longos, que podem chegar a 30 metros de comprimento.

Em comunicado, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova (FCT-NOVA) detalha que “os ovos, esféricos e com cerca de 20 centímetros de diâmetro, apresentam um excepcional estado de conservação e estão agrupados, sugerindo a existência de vários ninhos”.

Dado o estado de conservação, “podem vir a ser encontrados embriões, que seriam os primeiros descobertos em Espanha e pertenceriam aos últimos dinossauros da Europa”, apontou o investigador Miguel Moreno-Azanza, lembrando que os achados de ovos de dinossauro são raros em todo o mundo.

O material foi encontrado em rochas que os especialistas acreditam serem mais recentes do que os dinossauros, pelo que “existe mais potencial para ter dinossauros e estão à procura de outras jazidas ao longo dos Pirenéus”.

A jazida foi pela primeira vez identificada pelo grupo no final de 2019 por José Manuel Gasca, paleontólogo espanhol e adepto de corrida todo o terreno, durante uma sessão de treino. A primeira avaliação ao terreno, informa a FCT NOVA, ocorreu no final de Janeiro e resultou na autorização da presente acção pela Direcção-Geral do Património Cultural, a quem foi notificado o local.

“Depois de viajar o mundo inteiro a estudar ovos de dinossauros em cinco continentes, descobri que um dos depósitos mais importantes se situava nas montanhas onde brinquei com meus dinossauros de plástico em criança”, conta Moreno-Azanza, que desde 2015 que está a trabalhar em Portugal e que nasceu a apenas 20 quilómetros desta nova jazida.

Octávio Mateus, líder da equipa de investigação de vertebrados da FCT NOVA, e investigador de ovos de dinossauro há mais de trinta anos, realça a importância da descoberta para completar os estudos sobre a reprodução dos dinossauros que decorrem na Faculdade pois nunca foram descobertos ovos de titanossauros em Portugal, completa a FCT em comunicado.

Miguel Moreno-Azanza e Octávio Mateus são colaboradores do Museu da Lourinhã e dois dos maiores especialistas mundiais em ovos de dinossauro.

O trabalho de campo desta investigação, financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal, arrancou apenas há uma semana e irá prolongar-se até Outubro, devido às restrições motivadas pela pandemia do novo coronavírus.

Sugerir correcção