Ventura garante que enquanto for presidente do Chega não fará qualquer coligação

Partido vai criar cargos de secretário-geral e adjunto. Sobre as presidenciais, Ventura diz que se Ana Gomes é a candidata de todos os ciganos, ele é o de “todos os portugueses que trabalham e pagam impostos”.

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Nuno Ferreira Santos
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Tem sido uma história de “chega, chega, afasta, afasta” com o PSD desde Janeiro, como na canção da agulha e do dedal de Beatriz Costa, mas agora André Ventura garante que não fará qualquer coligação com quem quer que seja. “Como presidente eleito do Chega, com a legitimidade que me dá a eleição por 99% dos militantes de todo o país deste partido, eu quero dizer uma coisa: enquanto eu me sentar naquela cadeira ali ao meio, coligações nem vê-las! Com ninguém!”, prometeu perante uma plateia que o ovacionou de pé na segunda convenção do partido que decorre até este domingo em Évora.

Ventura lembrou que há ano e meio, mal o Chega se legalizara, nenhum outro quis saber dele e até diziam que iria desaparecer. Criticou os comentadores da TV de domingo que consideravam “impossível” o Chega ser um partido com representação mas agora “querem colar-se” a ele. Além de garantir que não fará coligações, avisou que “escusam de andar a mendigar pelas distritais com acordos ou para-acordos”. “Enquanto eu for o presidente deste partido isso [acordos] não vai acontecer Porque eles não merecem. Mesmo que nos digam que é fundamental para governar e para a estabilidade. Preferimos esperar para ser Governo de Portugal do que ser muleta de um partido do sistema. Meu Deus, eu tenho tempo... Não sou tão novo quanto o Chicão, mas tenho tempo.”

O presidente do Chega tomara a palavra para falar sobre a lista para a nova direcção nacional que será eleita neste domingo de manhã e para apresentar algumas alterações que propôs para a estrutura do partido, mas acabou por fazer um discurso de 40 minutos - o triplo do tempo que gastara de manhã na intervenção que abriu esta segunda convenção do partido subordinada ao tema “Por Portugal! Pelos portugueses!”.

Uma atitude inusitada de André Ventura que deixou no ar a ideia de que subiu ao palco para acalmar os ânimos que se tinham exaltado durante a tarde com algumas intervenções críticas dos delegados que apresentaram várias moções sobre o funcionamento do Conselho de Jurisdição e o sistema de escolha das concelhias. Ou seja, terá sido uma tentativa do líder recentrar a atenção dos delegados e fazer esquecer eventuais desavenças e descontentamentos latentes.

Sem adiantar nomes para a direcção nacional, Ventura disse ter procurado uma direcção “mais equilibrada, mais jovem e mais feminina”, que dê voz ao partido, e pediu aos delegados que façam um “juízo político e não pessoal" na votação. No Chega, a direcção nacional tem que ser aprovada por dois terços do congresso.

André Ventura propõe a criação dos lugares de secretário-geral e secretário-geral-adjunto para ajudarem a agilizar o trabalho da direcção e colmatarem algumas falhas de um partido que cresceu muito rápido. O líder eleito há 15 dias defendeu a necessidade de o Chega “recuperar o ADN original e regressar às origens” - onde grassam os temas da luta contra a corrupção, a redução de deputados, os impedimentos entre cargos políticos e os negócios, a recusa de subsídios para quem não trabalhar, entre outros temas. “Este é o nosso ADN; quando perdermos este ADN perdemos tudo.”

Pegando numa expressão sua de há uns tempos, quando disse que “o Chega é como uma religião”, Ventura especifica que é porque considera que a sala cheia com 600 pessoas na convenção é um “milagre” e porque o partido tem a capacidade de “converter e andar por todas as terras do país a levar a mensagem”. “Somos o partido do português comum, dos que trabalham e pagam impostos, que são mães, pais, avós, tios, dos que deixaram de acreditar no sistema.”

Ventura ainda fingiu que não queria falar do CDS, Rui Rio ou Ana Gomes, mas aproveitou para lançar farpas à também candidata anunciada à Presidência. “Se a Ana Gomes é a candidata de todos os ciganos, eu sou o candidato de todos os portugueses que trabalham e pagam impostos.” Aproveitou o balanço para insistir nas suas propostas de exigir que quem recebe subsídios do Estado tenha que trabalhar para os justificar, para criticar a ideia de se criar um rendimento mínimo universal - “sacar a quem trabalha para dar a quem não quer trabalhar” -, assim como o tratamento “de ratos” aos magistrados que investigam os que incomodam os socialistas.

Sobre os partidos disse terem “medo” de marcar eleições antecipadas e assim vão estar “juntinhos, juntinhos” até ao fim da legislatura “porque sabem que no dia em que Portugal for às urnas o Chega será a terceira ou segunda força política”. O primeiro objectivo é eleger deputados regionais nos Açores em Outubro. “Em Janeiro levaremos o mister selfies à segunda volta”, prometeu. O seu “sonho” é, depois das autárquicas, “não se andar um metro sem se ver trabalho do Chega”. E, mais lá para a frente no calendário, outro patamar: “Temos a força, a fé e a capacidade de ganhar as eleições legislativas em Portugal. Nós acreditamos que temos.” Rematou o discurso em gritos, desejando ver nos manuais escolares a “revolução” mais importante da história de Portugal - mesmo mais que os Descobrimentos - e prometendo nunca desistir do país. De tal forma ficou inflamado que se sentiu mal e teve que sair da enorme tenda para recuperar.

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