Covid-19: África do Sul levanta confinamento para retomar “alguma normalidade”

Número de pessoas permitido em eventos políticos, religiosos ou de lazer aumenta a partir do próximo domingo. Em Outubro, para tentar impulsionar o turismo, os voos internacionais são retomados, mas com limitações. É o “novo normal”, segundo o Presidente Cyril Ramaphosa.

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Um protesto por causa das regras de confinamento em Joanesburgo MIKE HUTCHINGS/Reuters

A África do Sul, o país africano mais afectado pela pandemia de covid-19 apesar de ter um sido um dos primeiros a impor uma rigorosa quarentena, prepara-se para levantar algumas medidas de confinamento, incluindo a reabertura dos aeroportos, depois de ter conseguido estabilizar o número de novas infecções diárias.

O anúncio foi feito pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, num discurso ao país transmitido pelas televisões na quarta-feira.

“Chegou a hora de o país, o povo e a economia retomarem alguma normalidade, mais parecida com a vida que tínhamos há seis meses”, disse Ramaphosa, sublinhando que a África do Sul tem “resistido à tempestade do coronavírus”. “É tempo de nos movermos em direcção aquilo que se vai tornar o novo normal enquanto o coronavírus continuar connosco”, acrescentou.

Desde o início da pandemia, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, a África do Sul registou mais de 653 mil infecções de SARS CoV-2 e mais de 15.700 mortes por covid-19. Além de ser o país africano mais afectado, é ainda o oitavo país do mundo com maior número de infecções, atrás de Estados Unidos, Índia, Brasil, Rússia, Peru, Colômbia e México.

Em Julho, a África do Sul registava uma média diária de 12 mil novos casos positivos, um número que estabilizou para dois mil nas últimas semanas, com o número de pessoas internadas em cuidados intensivos ou a necessitarem de tratamento hospitalar a diminuir significativamente.

Perante a evolução favorável da situação epidemiológica, a partir da meia-noite do próximo domingo, 20 de Setembro, a África do Sul diminui o seu nível de alerta de dois para um, o mais baixo numa escala de cinco, anunciou o Presidente sul-africano.

A partir de domingo, enumera a BBC, passam a ser permitidos ajuntamentos de 250 pessoas em espaços fechados e de 500 pessoas no exterior, desde que o número de pessoas não ultrapasse a capacidade de 50% dos locais.

O número de pessoas que pode participar em funerais aumenta de 50 para 100, e os espaços desportivos e recreativos, como ginásios e teatros, que estavam limitados a uma lotação máxima de 50 pessoas, passam a poder ter uma ocupação de 50%.

O recolher obrigatório, que actualmente entra em vigor às 22h locais e se prolonga até às 04h00, começará duas horas mais tarde e a venda de álcool volta a ser permitida nos estabelecimentos autorizados.

Desde que impôs uma rigorosa quarentena a 27 de Março, a África do Sul tem estado com as fronteiras fechadas. A partir do próximo dia 1 de Outubro, vão ser retomados os voos internacionais, uma medida fundamental para um país fortemente dependente do turismo e que viu a sua economia devastada pela pandemia.

No entanto, Cyril Ramaphosa alertou que a retoma dos voos internacionais será feita com limitações. Para entrar no país, os viajantes terão de apresentar um teste negativo ao coronavírus e o Governo sul-africano pode impedir viajantes provenientes de países com taxas de infecção mais elevadas.

Ramaphosa prometeu ainda um pacote de recuperação económica para o país, com o turismo a desempenhar um papel importante. Segundo a Reuters, devido à covid-19, a economia sul-africana regrediu cerca de 13 anos, empurrando milhões de sul-africanos para o desemprego, num país em que, antes da pandemia, quase um terço da força de trabalho já estava desempregada.

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