Polícia grega usa gás lacrimogéneo contra migrantes em Moria que exigem sair da ilha

Um novo campo, de tendas, está a ser erguido em Lesbos. Mas nem os quase 13 mil migrantes lá querem ficar, nem os habitantes locais os querem lá. O Governo não cede.

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Soldados estão a erguer tendas para alojar os 13 mil migrantes que ficaram sem abrigo Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS
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Reuters/ELIAS MARCOU
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Cartazes improvisados pedem ajuda à Europa. "Não queremos morrer no incêndio" Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS
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Distribuição de água por uma ONG gerou cenas de desespero LUSA/ORESTIS PANAGIOTOU
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A polícia usou gás lacrimogéneo Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS
Lesbos
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No protesto participam homens, mulheres e crianças,No protesto participam homens, mulheres e crianças Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS,Reuters/ALKIS KONSTANTINIDIS

A polícia grega reprimiu com gás lacrimogéneo um protesto de refugiados que ficaram sem abrigo após um incêndio que destruiu o campo de Moria, na ilha de Lesbos. Manifestaram-se junto ao novo campo que está ali a ser construído e exigem sair da ilha – coisa que o Governo grego afirmou que não aconteceria.

Sob um sol escaldante, centenas de migrantes, muitos deles a gritar “liberdade” e “não ao campo”, juntaram-se no local onde máquinas estão a limpar o terreno onde serão erguidas tentas para um novo campo de refugiados para abrigar os que milhares que ficaram sem tecto.

Alguns tinham cartazes escritos à mão com mensagens como “não queremos voltar para um inferno como Moria”, e “Senhora Merkel, consegue ouvir-nos?”, num apelo à chanceler alemã.

Cerca de 13 mil pessoas, a maior parte vindas de África e do Afeganistão, têm dormido ao relento desde que as chamas consumiram o campo de Moria nesta semana, onde a lotação era quatro vezes superior ao que era o seu limite.

Recentemente, havia sido detectada covid-19 no campo, com 35 pessoas doentes – que faz temer que a doença se esteja a espalhar, sem ser controlada. 

Este é o segundo protesto nas últimas 24 horas. Os refugiados insurgem-se por serem obrigados a ficar num outro campo na ilha. Pedem para ser libertados e deixar Lesbos. A população e as autoridades locais também não os querem lá, e pedem ao Governo do conservador Kyriakos Mitsotakis a transferência destes milhares de pessoas para o continente grego.

Contudo, o Governo ordenou a continuação dos trabalhos para a construção do novo campo de refugiados, situado num campo de tiro, a poucos quilómetros de Moria

O ministro da Migração da Grécia, Notis Mitarakis, garantiu que os primeiros refugiados poderão entrar ainda hoje nas novas instalações, explicando que todos os que chegarem serão de imediato submetidos a um teste ao novo coronavírus, com aqueles que assinalem a doença a ser isolados em quarentena.

​No momento do incêndio do campo de Moria, na madrugada de quarta-feira, havia 35 pessoas com covid-19, mas as autoridades desconhecem o paradeiro da maior parte delas.

“Esta é uma situação explosiva, em termos de saúde. Estas pessoas estiveram sem acesso a água [desde quarta-feira], nem sequer podem lavar as mãos” disse à televisão Skai Matina Pagoni, presidente da associação de médicos de Atenas e do Pireu, citada pela Reuters. 

O ministro Mitarakis insistiu na mensagem que tem sido repetida pelo Governo de que a Grécia não pode continuar a carregar, sozinha, o fardo da migração e exortou a Europa a mostrar a sua solidariedade.

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