Sindicato de professores mantém greve para os primeiros dias de aulas

Setenta por cento dos inquiridos em sondagem mostraram-se a favor de acção de protesto.

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Paulo Pimenta

O Sindicato de Todos os Professores (STOP) confirmou esta sexta-feira que vai manter a greve de docentes e funcionários para os primeiros dias de aulas, em protesto contra a falta de condições de segurança em algumas escolas.  

Na semana passada, o coordenador nacional do sindicato disse que tinha entregado pré-avisos de greve para os dias 14 a 17 de Setembro como forma de “pressionar o ministério a tomar medidas”, mas adiantou que durante cinco dias iria ser feita uma sondagem junto dos profissionais para, depois, tomar uma decisão.

Os resultados da sondagem, que questiona se os pré-avisos de greve devem ser mantidos face às condições de segurança nas escolas, revelam que 70% dos inquiridos concordam em manter a acção de protesto.

“O STOP decidiu, por isso, manter os pré-avisos de greve para permitir que os profissionais de educação que estejam nas escolas onde, manifestamente, considerem que não há condições possam fazer greve”, confirmou o coordenador, André Pestana.

O ano lectivo arranca entre os dias 14 e 17 de Setembro, num contexto de pandemia de covid-19 que obrigou as escolas a implementar um conjunto de regras de segurança, definidas pelo Ministério da Educação e pela Direcção-Geral da Saúde.

No entanto, André Pestana sublinha que nem todos os estabelecimentos de ensino estão a conseguir assegurar as condições necessárias. “Há situações contrastantes nas diferentes escolas. Há escolas em que os colegas se sentem relativamente seguros, mas noutras onde, de facto, os colegas estão a sentir-se inseguros e a sondagem expressa também esse sentimento”, afirmou. É a esses profissionais que se destina a greve marcada para os primeiros dias do ano lectivo, adiantou.

Para o coordenador nacional do STOP, os problemas invocados na semana passada para justificar os pré-avisos de greve mantêm-se 10 dias depois e a três dias do início das aulas, designadamente o número de alunos por turma, a falta de assistentes operacionais e a situação dos profissionais integrados em grupos de risco.

Sobre o número de alunos, André Pestana relata que, em vários casos, as turmas mantêm a mesma dimensão e, por isso, não vai ser sequer possível assegurar o distanciamento físico de pelo menos um metro.  

Por outro lado, a falta de operacionais, um problema que diz ser antigo nas escolas, continua a verificar-se num ano em que o papel destes profissionais é ainda maior, e alguns estabelecimentos não viram as suas equipas reforçadas. “Infelizmente, em algumas escolas vai ser muito complicado, por muito esforço e profissionalismo que os assistentes operacionais tenham, manter as condições de segurança”, lamentou.

Finalmente, o STOP questiona a solução encontrada para os profissionais integrados em grupos de risco para a covid-19, que não vão poder optar pelo teletrabalho e terão, em vez disso, de recorrer à baixa médica. “Parece que aqui há uma discriminação claramente negativa para os profissionais de educação”, considerou.

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