Curadores da Bienal de Arquitectura de Veneza associam-se para enfrentar o futuro

Atelier português depA é um dos subscritores do documento em que os diferentes curadores nacionais se comprometem a debater “como viver juntos” perante a pandemia. Edição deste ano foi adiada para Maio a Novembro de 2021.

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Quando, em meados de 2019, escolhido pela direcção da Bienal de Veneza para comissariar a 17.ª edição da exposição de Arquitectura, o curador libanês Hashim Sarkis escolheu o mote Como vamos viver juntos?, não imaginaria que esta pergunta-desafio iria ganhar contornos totalmente diferentes. A pandemia da covid-19 veio baralhar (e martirizar) o mundo inteiro, e a Bienal de Veneza, nas suas diferentes declinações (incluindo o festival de cinema iniciado esta quarta-feira), viu-se também na contingência de acomodar sucessivos adiamentos e reconfigurações.

A Bienal de Arquitectura 2020, que deveria ter começado em Maio, foi inicialmente adiada para 29 de Agosto, mas cedo os responsáveis perceberam que ela não iria poder realizar-se este ano – a sua inauguração foi então marcada para 22 de Maio de 2021, estendendo-se até 21 de Novembro do próximo ano.

Em vez de “viver juntos”, os habitantes do planeta parecem condenados, pelo menos nos tempos mais próximos, a viver afastados, distanciados. Foi em resposta a esta contingência que os curadores dos 34 países participantes na 17.ª edição da Bienal de Arquitectura subscreverem no passado dia 29 de Agosto uma posição conjunta tendente à criação de uma plataforma que permita debater e responder ao actual estado do mundo.

“Comprometemo-nos a estabelecer uma plataforma, nos próximos meses, para a partilha do conteúdo das exposições e pesquisa de correlações. Pretendemos que esta troca resulte em colaborações concretas e projectos partilhados entre os países que evidenciem os objectivos e preocupações comuns dentro da nossa profissão”, diz o comunicado, também subscrito pelos três arquitectos do atelier portuense depA (Luís Sobral, Carlos Azevedo e João Crisóstomo), que representa Portugal na bienal italiana com o projecto In Conflict.

Lançada a 23 de Maio por iniciativa da Coreia do Sul, esta porta para um diálogo alargado contou com a associação dos restantes países e do próprio curador-geral Hashim Sarkis. “O objectivo comum da reunião de curadores é o de investigar novas vias para ampliar o potencial da Bienal, enquanto plataforma para a colaboração acessível, expansiva e cooperante, flexibilizando-a para os desafios que todos enfrentamos na era covid-19 e para além dela”, dizem. “Não sabemos ainda como estes esforços irão materializar-se. Não temos dúvida, porém, de que este é um passo necessário para a nossa comunidade, nesta nova era”, conclui o comunicado.

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