Trump defende adolescente acusado de matar manifestantes em Kenosha

Presidente dos EUA sugere que Rittenhouse agiu em legítima defesa, argumentando que “poderia ter sido morto” se não tivesse disparado. Trump visita a cidade do Wisconsin esta terça-feira.

O Presidente dos Estados Unidos saiu em defesa do adolescente de 17 anos que está acusado de matar duas pessoas e ferir uma terceira, com uma espingarda semi-automática, durante os protestos contra a agressão ao afro-americano Jacob Blake pela polícia, na localidade de Kenosha, no estado do Wisconsin.

Em conferência de imprensa, na segunda-feira, e na véspera de visitar Kenosha, Donald Trump argumentou que Kyle Rittenhouse “poderia ter sido morto” pelos manifestantes se não tivesse disparado a sua arma, sugerindo que o adolescente – apoiante assumido do Presidente, de acordo com a sua actividade nas redes sociais – agiu em legítima defesa.

“Ele [Rittenhouse] estava a tentar fugir deles [dos manifestantes]. Depois caiu e eles atacaram-no com muita violência. Imagino que estivesse num enorme sarilho. Poderia ter sido morto. Mas estamos a investigar”, disse o Presidente norte-americano.

Kyle Rittenhouse deslocou-se de Antioch – no estado vizinho do Illinois – até Kenosha, respondendo a um apelo emitido por grupos de milícias armadas civis, para ajudar as autoridades locais a conterem a terceira noite de protestos na cidade onde Blake foi atingido sete vezes nas costas, por um agente policial, em frente aos filhos, a 23 de Agosto, tendo ficado paraplégico.

O adolescente disparou sobre três pessoas e está acusado de seis crimes, incluindo homicídio qualificado. A sua equipa de defesa – pertencente a uma sociedade de advocacia que tem como cliente o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani – vai argumentar, precisamente, que Rittenhouse agiu em legítima defesa.

A tomada de posição do Presidente dos EUA vai ao encontro da narrativa da recandidatura republicana à Casa Branca, que defende a necessidade de “lei e ordem” para pôr fim à violência registada em algumas cidades do país, na sequência dos protestos massivos contra o racismo e a violência policial nos últimos meses, iniciados com o assassínio de George Floyd pela polícia de Mineápolis (Minnesota).

Trump e o Partido Republicano argumentam que a violência é acicatada e promovida por “anarquistas” e pela “extrema-esquerda” que, por sua vez, são apoiados pelo Partido Democrata e pelo seu candidato, Joe Biden

A principal mensagem de campanha do Presidente é a de que os EUA vão cair “na desordem e no caos” se os democratas vencerem a eleição presidencial de Novembro.

“A América nunca irá render-se à multidão, porque quando se é a multidão mandar, então a democracia está morta”, disse Trump, acusando Biden de estar subjugado à “multidão da esquerda”.

O Presidente desloca-se a Kenosha esta terça-feira, numa visita que se adivinha tensa e que deverá ser acompanhada por novos protestos, por causa das acusações da oposição de que Trump está a usar a tragédia e o crime para fazer campanha eleitoral.

Segundo a assessoria da Casa Branca, o líder norte-americano não se encontrará com a família de Blake, como chegou a ser sugerido, mas apenas com empresários e líderes políticos locais. Jacob Blake Sr., pai da vítima, disse que não queria que o caso do seu filho fosse usado pelo Presidente com propósitos políticos.

Sugerir correcção