Restaurante Pesca não reabre: chef Diogo Noronha confirma o fim do projecto

A pandemia e um futuro incerto ditam o fim do lisboeta Pesca, no Príncipe Real, “o único restaurante de cozinha de autor exclusivamente dedicado à riqueza do Atlântico e da costa portuguesa” e que tinha por mote a sustentabilidade.

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Pesca NUNO CORREIA
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Diogo Noronha NUNO CORREIA
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Diogo Noronha NUNO CORREIA

O Pesca abria em Outubro de 2017, no Príncipe Real, depois de um ano de planeamento. A ideia do chef Diogo Noronha era criar um espaço que primasse pela sustentabilidade tanto quanto fosse possível e assegurar uma relação de confiança com os produtores. Passados três anos, “devido ao período conturbado decorrente da pandemia, associado às incertezas do futuro próximo”, o chef retira-se do grupo que geria o espaço e o Pesca encerra definitivamente.

Depois de algumas reuniões com a administração — o grupo Plateform (antiga Multifood) —, Diogo Noronha chegou à conclusão de que não haveria continuidade para o projecto, mesmo que seguisse outra vertente e reestruturasse o negócio para fazer face aos obstáculos trazidos pelo coronavírus. “Foi um projecto ao qual me dediquei de corpo e alma, do qual me orgulho, onde tive o apoio de uma equipa muito importante para mim. Tenho pena, mas as circunstâncias são estas e o caminho é para a frente”, afirma o chef em declarações ao PÚBLICO. Esse caminho passa agora por uma colaboração com a LeYa e a participação num livro de receitas com uma componente informativa, ligado ao tema da pesca e da sustentabilidade.

O conceito do Pesca

Em todas as cozinhas pelas quais o chef passou (Pedro e o Lobo, Casa de Pasto e Rio Maravilha), “a secção de peixe sempre [lhe] deu grande prazer”. Quando, em 2016, conheceu Rui Sanches e Margarida, do grupo Plateform (que tem, entre outros, os restaurantes Alma e Tapisco, ambos com Henrique Sá Pessoa), chegaram rapidamente a acordo sobre o tema para o restaurante que queriam fazer em conjunto: o peixe.

Na ementa deste restaurante não constava nenhum prato de carne. As refeições eram criadas consoante a sazonalidade dos produtos e os peixes não eram excepção. “O peixe nacional é muito difícil, às vezes há lotas com muito pouco”, explicou ao PÚBLICO Diogo Noronha, quando abriu o restaurante. Ainda assim, garantia sempre que tinha todas as espécies de que necessitava para as suas receitas, desde as gambas da costa algarvia à corvina, de acordo com a altura de pesca de cada um.

O ano de preparação do projecto ajudou bastante, ainda assim nem tudo correu como esperado aquando da inauguração. Um dos parceiros, a Quinta do Poial, em Azeitão, tinha todos os produtos prontos a serem colhidos e enviados para o restaurante, contudo, três noites de temperaturas baixas estragaram muitos deles e foram precisas algumas alterações de última hora.

O conceito de sustentabilidade no Pesca não passava apenas pela redução do desperdício, com o maior aproveitamento dos ingredientes. Na carta de vinhos constavam produções portuguesas e estrangeiras, primando por pequenos produtores com projectos diferentes, alguns biológicos e naturais. Também o “pão biológico” era feito na casa pelo pasteleiro Claiton Ferreira.

Texto editado por Luís J. Santos

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