As provas estão suspensas, mas os corredores querem voltar a competir

Inquérito do Maratona Clube de Portugal revela que maioria dos corredores considera seguro voltar a competir ainda este ano e uma fatia de 76% afirma que participaria em provas mesmo sem existir uma vacina.

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Inquérito foi respondido por 1652 corredores que já participaram em provas do Maratona Clube de Portugal Paulo Pimenta

O medo da pandemia parece não demover a maioria dos corredores em Portugal que querem voltar às provas. É o que indicam os resultados do inquérito realizado pelo Maratona Clube de Portugal (MCP) que revela que 55% dos mais de 1600 inquiridos consideram seguro voltar a competir ainda este ano. De facto, 76% afirmam a sua predisposição em participar em provas de estrada antes da existência de uma vacina para a covid-19.

Embora essa seja a vontade dos corredores, para o presidente do MCP tal não parece possível. “Enquanto não houver uma vacina, não vejo a possibilidade de se realizarem provas”, afirma ao PÚBLICO Carlos Móia.

A organização viu-se obrigada a adiar para 2021 provas como a Meia Maratona e a Maratona de Lisboa. O Grande Prémio de Natal continua marcado para 15 de Dezembro, mas pode ainda estar em aberto. A situação, acresce Carlos Móias, replica-se por todo o mundo: “das grandes provas mundiais só falta cancelar a Maratona de Londres, que eu creio que também não vai acontecer”.

Ainda que as competições não se realizem, cerca de 60% dos inquiridos portugueses garantem querer participar em tantas ou mais provas depois da pandemia, o que vai ao encontro com o que o presidente do MCP esperava. “Ao longo dos últimos meses, quando ando na rua, vejo cada vez mais gente a andar e a correr”, refere Carlos Móias, que atribui esse aumento ao medo do vírus. “As pessoas começaram a perceber durante o confinamento que não estavam a ter alimentações saudáveis nem uma vida activa. Era a sua saúde que estava em causa”, remata. De facto, um estudo de um consórcio de cinco universidades para o Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ) publicado em Maio mostrava que 45% das pessoas que não praticavam desporto antes da pandemia passaram a fazê-lo.

Por isso, e perante o que considera ser “a grande vontade de participar em corridas reais” por parte dos desportistas, mesmo amadores, o presidente e fundador da MCP prevê que “qualquer prova que aconteça, assim que a Direcção-Geral da Saúde o permita, será um grande sucesso”. Nesse sentido, 45% dos corredores aceitariam participar em provas sem limite de participantes, enquanto outros 40% colocam esse limite nas duas mil pessoas. Já Carlos Móias considera que “deve haver limites [de participantes], pelo menos numa primeira fase”.

Se reduzir o número de corredores pode ser uma das medidas a tomar para se concretizar as provas, os inquiridos dizem também apoiar uma política de “se estiver doente, fique em casa”, medição de temperatura na partida e a manutenção de distância social no início e no fim das corridas. Esse distanciamento, embora “extremamente difícil”, é “possível”, analisa o responsável pelo clube. Relativamente ao uso de máscaras, 60% dos corredores concordam com a sua utilização no início e no fim da corrida, enquanto 21% admitiriam usar durante toda a prova.

Se as provas oficiais estão suspensas, as virtuais têm tido uma “grande adesão”. Desde Maio que o MCP, juntamente com a Câmara Municipal de Lisboa, organiza provas gratuitas que vão dos sete aos dez quilómetros às quais “cerca de 60 mil corredores” já aderiram, segundo o presidente da organização. Quem participar tem três dias para completar o desafio, que pode realizar onde quiser, e terá direito a um dorsal virtual e a um diploma de participação digital. São soluções para promover a actividade física e manter o contacto com os atletas, sublinha Carlos Móias.

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