Mary Trump diz que Presidente dos EUA é “perigoso” e apela à sua demissão

Sobrinha de Donald Trump deu a primeira entrevista desde que o seu novo livro sobre a família foi publicado.

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Livro da psicóloga clínica Mary J. Trump chegou às livrarias na terça-feira MICHAEL REYNOLDS/EPA

Mary L. Trump, sobrinha do Presidente norte-americano, afirmou que o seu tio deixou os Estados Unidos à beira do “precipício” e disse que a melhor solução para o país seria a sua demissão.

“Ele [Donald Trump] é totalmente incapaz de liderar este país, e é perigoso permitir que ele o faça”, disse a psicóloga clínica esta quarta-feira em entrevista à ABC News, na primeira entrevista de Mary Trump desde o lançamento do seu livro sobre a família Trump.

O livro Too Much and Never Enough: How My Family Created the World's Most Dangerous Man (Demasiado e Nunca Suficiente: Como a Minha Família Criou o Homem Mais Perigoso do Mundo) foi publicado na terça-feira, depois de, no dia anterior, um tribunal ter rejeitado o pedido de Robert Trump, irmão do Presidente norte-americano, para travar a publicação do livro.

Desde que foi anunciado, o livro da psicóloga clínica tem estado envolto em polémica, não só pelas tentativas de a família Trump bloquear nos tribunais o seu lançamento, mas também pelas revelações sobre a infância do Presidente.

No livro, Mary Trump escreve que o seu avô era um “sociopata”, que fazia bullying com outros membros da família, e que a personalidade de Donald Trump foi moldada pelos traumas na infância.

Na entrevista à ABC, a psicóloga afirmou que “é impossível saber como Donald teria sido” se tivesse nascido noutra família, mas sublinhou que o Presidente norte-americano cresceu “numa família disfuncional” que acreditava que “o dinheiro substituía os actos de amor” e incentivava as crianças “a terem sucesso a todo o custo”.

Estes ensinamentos na infância, defende Mary Trump, criaram “uma situação muito perigosa” para a América décadas depois, quando Donald Trump chegou à presidência dos Estados Unidos.

Questionada pelo apresentador George Stephanopoulos sobre qual o conselho que deixaria ao seu tio caso estivesse na Sala Oval, Mary Trump foi perentória: “Que se demita.”

“Este país está à beira do precipício e temos de tomar uma decisão em relação ao que queremos ser e para onde queremos ir enquanto país”, afirmou Mary Trump. “É difícil para mim processar tantas coisas horríveis que acontecem diariamente”, acrescentou.

Mary Trump é filha de Fred Tump Jr., irmão mais velho de Donald Trump, que morreu devido a problemas de alcoolismo quando Mary tinha apenas dez anos. Desde então, tem sido posta de parte pelo resto da família, acusando os tios de a excluírem do testamento da família.

Em 2001, Mary e Fred Trump III, o seu irmão, assinaram um acordo de confidencialidade com a família. Foi com base nesse acordo que Robert Trump tentou travar o lançamento do livro, no entanto, os tribunais deram razão à editora Simon & Schuster.

Na entrevista à ABC, Mary Trump garantiu que não escreveu o livro para benefício próprio, mas sim para dar mais informação aos norte-americanos sobre o seu tio.

“Não posso deixá-lo destruir o meu país”, reiterou a psicóloga clínica. “Se eu puder fazer alguma coisa para mudar a narrativa e revelar a verdade, então tenho de o fazer”, rematou.

O Presidente dos Estados Unidos mantém o silêncio em relação ao lançamento do livro da sobrinha. Já a Casa Branca, em comunicado, mantém a tese das últimas semanas, quando referiu que o livro é composto por mentiras e “alegações ridículas” que apenas pretendem beneficiar economicamente a sobrinha de Trump e a Simon & Schuster.

“Mary Trump e a sua editora podem continuar a alegar que estão a agir com base no interesse público, mas este livro é claramente do interesse financeiro da autora”, afirmou a Casa Branca em comunicado.

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