Trump regressa aos comícios a 19 de Junho, dia em que a escravatura foi abolida nos EUA

Em três dos quatro estados em que vão ocorrer os comícios eleitorais, Arizona, Florida e Carolina do Norte, o número de casos de infecções por covid-19 está a aumentar, segundo noticia o jornal New York Times.

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Donald Trump Reuters/KEVIN LAMARQUE

Apesar de os Estados Unidos serem o país com maior número de pessoas infectadas com covid-19, tendo chegado aos dois milhões de casos na quarta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou o regresso dos seus comícios eleitorais, com vista às eleições presidenciais de Novembro, em que deve enfrentar o democrata Joe Biden. Quer fazer o primeiro no Oklahoma, no dia 19, seguindo-se Florida, Arizona e Carolina do Norte.

“Vamos recomeçar os comícios e provavelmente o primeiro irá ocorrer em Tulsa, Oklahoma”, disse Trump na quarta-feira à noite, depois de uma reunião com um grupo de líderes da comunidade afro-americana. “Haverá um comício enorme na Florida, todos eles serão enormes”.  

A escolha de Tulsa e de 19 de Junho para este relançamento da campanha deve-se ao facto de ser uma cidade marcada pela História da escravatura e da luta pelos direitos cívicos da população negra e por ser o Dia da Libertação, que marcou o fim da escravatura nos EUA, em 1865.

Em Tulsa, em 1921, foram massacrados centenas de afro-americanos durante um protesto no bairro da cidade conhecido por "Black Wall Street”. A decisão de Trump realizar um comício na cidade foi condenada por democratas e progressistas, entre eles a senadora Kamala Harris, que é uma das mencionadas para ser candidata à vice-presidência, ao lado de Biden.

“O que ele está a fazer não é apenas um piscar de olhos aos supremacistas brancos, ele está-lhes a fazer uma verdadeira festa de boas vindas”, disse Harris no Twitter.

Questionada sobre esta opção quando o país está em convulsão devido à morte de George Floyd, um afro-americano, às mãos de um polícia, a porta-voz de Trump, Kayleigh McEnany, disse: “A comunidade afro-americana está muito próxima do coração [de Trump], é-lhe muito querida. E nestes comícios ele costuma partilhar o bom trabalho que tem feito pelas minorias.

Citada pela CNN, McEnany prosseguiu: "[Trump] está a trabalhar para rectificar as injustiças... por isso é um dia significativo para ele, um dia em que quer partilhar algum do progresso que já fez enquanto percebemos o que ainda precisa de ser feito”.

Trump não realiza um comício desde Março, quando estes foram suspensos devido à pandemia. E os analistas dizem que o Presidente está ansioso para voltar a um modelo de campanha que lhe agrada e que domina bem, sobretudo numa altura em que as sondagens começam a dar alguma vantagem a Biden.

Os responsáveis pela campanha eleitoral de Trump ainda não forneceram qualquer informação sobre as regras sanitárias que vão ser impostas nestes comícios com grande aglomeração de pessoas, de forma a evitar a propagação do vírus que até ao momento matou nos EUA 113 mil pessoas — a estimativa do Instituto de Métricas e Avaliações de Saúde da Universidade de Washington diz que, no início de Agosto, este número tenha subido para 145 mil óbitos.

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