Media australianos enfrentam julgamento devido a cobertura de abusos sexuais de George Pell

Procuradores dizem que jornalistas e publicações violaram as ordens de supressão impostas pelo juiz. Julgamento deverá começar em Novembro.

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Em Abril, Supremo anulou a condenação do cardeal George Pell ERIK ANDERSON/EPA

Dezenas de jornalistas e editores australianos devem ser julgados em Novembro devido à cobertura da condenação por abuso sexual de menores do ex-tesoureiro do Vaticano George Pell em 2018, enfrentando acusações de terem violado o segredo de justiça na Austrália.

Os procuradores do estado de Victoria afirmam que 19 jornalistas e 21 publicações ajudaram e incentivaram os media internacionais a desprezar as ordens do tribunal e violaram as ordens de supressão impostas pelo juiz.

Pell, antigo cardeal, foi considerado culpado em Dezembro de 2018 por abusar sexualmente de dois rapazes do coro da igreja, mas a cobertura do caso foi amordaçada para não prejudicar um outro julgamento com acusações separadas.

Após o veredicto, alguns media australianos noticiariam que uma figura pública não identificada tinha sido condenada por um crime grave que não pôde ser reportado, enquanto alguns media internacionais nomearam Pell e as acusações.

O segundo caso foi posteriormente retirado e a ordem de supressão foi levantada em Fevereiro de 2019. A condenação de Pell foi anulada pelo Supremo Tribunal da Austrália em Abril.

O juiz do Supremo Tribunal de Victoria, John Dixon, propôs esta terça-feira que o julgamento tenha início a 9 de Novembro, embora a acusação e a defesa ainda não tenham acordado todos os assuntos em cima da mesa, nomeadamente se o caso deve passar por um ou vários julgamentos.

A acusação pretende um único julgamento, que seria realizado perante o juiz, mas o advogado que representa os media e jornalistas acusados disse que parecem existir 13 casos separados. “Os acusados estão muito ansiosos para que estes assuntos que pairam sobre eles há demasiado tempo sejam, finalmente, resolvidos, mas achamos que temos de prosseguir com alguma cautela”, afirmou o advogado Matthew Collins perante o tribunal.

Entre os acasos estão jornalistas dos jornais The Age e The Australian Financial Review, da Nine Entertainment Co., e várias publicações da News Corp. A violação das ordens de supressão podem ser punidas com penas de prisão até cinco anos e multas de 100 mil dólares australianos (66 mil dólares) para indivíduos e quase 500 mil dólares australianos para empresas.

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