Rolls Royce corta nove mil empregos para enfrentar crise “sem precedentes”

A maioria dos despedimentos vai afectar o Reino Unido e a divisão de aeronáutica civil da empresa.

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A Rolls Royce LUSA/ALI HAIDER

A fabricante de motores britânica Rolls Royce Holdings, que fornece motores para aparelhos como os Boeing 787 e os A350 da Airbus, anunciou esta quarta-feira que vai cortar nove mil empregos para fazer face a uma crise de que o sector da aviação levará “vários anos” a recuperar.

Desde que a generalidade dos países encerrou as fronteiras para conter a pandemia da covid-19, a maioria dos aviões permanece em terra e as transportadoras estão a braços com uma crise inédita.

O patrão da Rolls Royce, Warren East, entrevistado no programa de rádio BBC Today, afirmou que se trata de uma “crise sem precedentes” para a toda a indústria da aviação, com consequências que vão perdurar.

Para a empresa sediada em Derby é obrigatório “ajustar a capacidade à procura futura”, porque “é cada vez mais evidente que a actividade da aviação comercial vai demorar vários anos a retornar aos níveis em que estava há alguns meses”, afirmou East.

De acordo com a Reuters, a empresa é paga pelas companhias aéreas em função das horas de voo, o que significa que os resultados serão directamente afectados pela contracção profunda do mercado nos próximos tempos.

A redução de quase um quinto da força laboral da Rolls Royce Holdings vai afectar essencialmente o negócio de produção de motores para a aeronáutica civil e em particular as fábricas no Reino Unido.

De acordo com a Reuters, a empresa quer obter poupanças na ordem dos 1,4 mil milhões de euros, dos quais 780 milhões virão dos despedimentos. O encerramento de fábricas e a venda de activos são outros dos cenários que estão a ser analisados.

East disse à BBC que o grupo não sabe exactamente em que localizações haverá despedimentos e que ainda há negociação a fazer com os sindicatos. Contudo, reconheceu que dois terços dos trabalhadores do negócio de aviação civil estão no Reino Unido e que é provável que estes sejam os mais afectados.

São más notícias para uma economia que viu em Abril o número de pedidos de desemprego disparar 69% devido às medidas de confinamento. Foram registados 856 mil novos pedidos, para um total de 2,1 milhões, o que traduziu a maior subida mensal desde 1971, segundo o Guardian.

A Rolls Royce, uma empresa cotada no Footsie 100, o principal índice da bolsa de Londres, emprega cerca de 50 mil pessoas no total, estando também presente no sector da defesa e dos sistemas de energia. Em 2019 registou um volume de negócios de 17 mil milhões de euros.

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