Desconfinamento sem impacto no número de casos em Portugal. Mas “não facilitemos”

Directora-geral da Saúde diz que resultado positivo mostra que portugueses continuam a cumprir medidas de segurança. Governo pede que não exista uma “confiança excessiva”.

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Directora-geral da Saúde, Graça Freitas José Sena Goulão/Lusa

As medidas de desconfinamento decretadas pelo Governo não tiveram um impacto negativo na curva epidemiológica revelou, esta quinta-feira, a directora-geral da Saúde. Na conferência de imprensa de balanço ao mais recente boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), Graça Freitas garantiu que os números do país se encontram estáveis e em linha com a realidade vivida em outros países europeus. 

“Hoje, como sabem, tivemos uma reunião no Infarmed e temos acompanhado a curva. A curva de Portugal não é diferente da de outros países europeus. Passaram mais de dez dias desde as medidas de desconfinamento e não se reflectiu ainda — não quer dizer que não se venha a reflectir — nenhuma influência nessa curva. Tudo indica que, apesar de termos desconfinado e retomado a actividade, os portugueses têm cumprido as medidas de segurança”, afirmou Graça Freitas.

Apesar disso, um crescimento de 200 a 300 novos casos por dia é “respeitável” e acontece porque, “em algumas regiões do país, o vírus ainda circula bastante e podem surgir pequenos surtos”. “Basta um surto numa fábrica ou creche, que aumentam o número de casos”, explica Graça Freitas, que voltou a vincar que os dados em Portugal estão “dentro do que é normal e expectável”.

Graça Freitas adiantou ainda que, em Portugal, o R (o número médio de contágios causado por cada pessoa infectada) “anda à volta de 1”, com algumas assimetrias regionais. “Neste momento, [a região de] Lisboa e Vale do Tejo tem um R ligeiramente superior ao resto do país, porque é de facto a região que tem registado mais casos, mas não é um número muito elevado. Teve pequenos surtos, mas não me parece que isto reflicta alguma movimentação específica depois do desconfinamento”, esclareceu a directora-geral, acrescentando que é preciso “aguardar alguns dias” para verificar a situação.

Questionado sobre o facto de o desconfinamento não ter tido até agora um impacto negativo na curva epidemiológica, António Lacerda Sales pediu que os portugueses mantenham os comportamentos de segurança.

“Queremos que os portugueses tenham confiança, mas uma palavra de confiança com salvaguarda da segurança. Fica aqui uma vez mais o apelo para que não facilitemos. E que mesmo numa situação, como a senhora directora-geral da Saúde disse, com uma curva estabilizada e trajectória favorável, penso que essa confiança não deve ser excessiva. Confiança sim, mas com segurança. Que mantenhamos os nossos comportamento e valores e que se mantenham as orientações da DGS”, disse o secretário de Estado da Saúde.

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