Covid-19: mais nove mortes e 187 pessoas infectadas em Portugal

Casos de infecção crescem 0,7% e número de mortes 0,8%. Desde o início do surto, foram contabilizados 28.319 casos, morreram 1184 pessoas e 3198 já recuperaram.

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Medicina interna do Hospital Curry Cabral, em Lisboa rui gaudêncio

Portugal registou nesta quinta-feira mais nove mortes por covid-19, um aumento de 0,8%, que eleva para 1184 o total de vítimas mortais. Nas últimas 24 horas, foram detectadas mais 187 pessoas infectadas, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 0,7%. Desde o início do surto, foram identificados 28.319 casos.

Os números, divulgados nesta quinta-feira no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), dão ainda conta de 680 pessoas internadas, das quais 108 estão nos cuidados intensivos (mais cinco do que no dia anterior).

Foram ainda dadas como recuperadas mais 16 pessoas, subindo assim para 3198 o número de “curados” no país. Excluindo estes casos e os óbitos, há 23.937 casos activos em Portugal. Uma pessoa é considerada “curada” depois de um teste com resultado negativo, caso o tratamento esteja a ser feito em casa, ou dois em 24 horas, se o doente estiver no hospital.

Há 2676 pessoas a aguardar resultado laboratorial e 26.082 estão sob vigilância das autoridades de saúde.

“A taxa de letalidade global é de 4,2%, a taxa de letalidade acima dos 70 anos é de 15,4%. As pessoas em tratamento no domicílio são 82,1% dos casos e a percentagem em internamento 2,4%, sendo que 0,4% estão em unidade de cuidados intensivos e 2% em enfermaria”, afirmou o secretário de Estado, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa diária de actualização do estado da pandemia.

Relativamente aos óbitos, 1027 são de pessoas acima dos 70 anos, cerca de 87%. O relatório dá conta da morte de 104 pessoas que tinham entre 60 e 69 anos; 39 com idades entre os 50 e 59 anos; 13 pessoas entre os 40 e os 49 anos; e uma vítima mortal entre os 20 e os 29 anos.

Graça Freitas avançou na conferência de imprensa que já foram registados 477 óbitos em lares. “Na região norte são 259, no centro 138, em Lisboa e Vale do Tejo 75, no Alentejo um e no Algarve quatro. Estão a ser tomadas muitas medidas e vamos retomar as visitas, mas em segurança. Com muitas regras, cuidados e limitações. É uma nova normalidade, não é retornar ao passado”, explicou.

A directora-geral da Saúde disse que os lares que continuem com surtos ou com utentes infectados com o novo coronavírus podem não ser autorizados a receber visitas a partir de segunda-feira. Tudo dependerá dos circuitos adoptados pelos estabelecimentos e da eficácia em isolar os casos positivos dos restantes utentes.

A região norte concentra 57,1% da totalidade dos casos e 56,9% das mortes (16.166 pessoas infectadas e 674 óbitos). Lisboa e Vale do Tejo é a segunda região mais afectada, com 7767 casos confirmados e 259 vítimas mortais. A região centro tem 3569 casos registados e 221 mortes, seguida da região do Algarve, com 354 infectados e 14 óbitos, e do Alentejo, com 238 casos e uma vítima mortal, o mesmo registo desde terça-feira.

 Os Açores e a Madeira, as regiões com menor número de casos – 135 e 90, respectivamente –, também não apresentam novas infecções, de acordo com o boletim. A Madeira é a única região sem mortes registadas, sendo que os Açores têm a lamentar 15 mortes.

De acordo com os dados do Sinave – Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, que correspondem a 89% dos casos confirmados, Lisboa mantém-se o concelho com maior número de casos (1835), seguido de Vila Nova de Gaia (1463) e do Porto (1311). Há outros três concelhos com mais de mil casos identificados: Matosinhos (1220), Braga (1153) e Gondomar (1051).

Até quarta-feira, Portugal registava 28.132 casos de infecção (mais 219 que no dia anterior), 1075 mortes (mais 12 que na terça-feira) e 3182 recuperados.

Desconfinamento não teve impacto na curva epidemiológica

A directora-geral da Saúde, Graça Freitas, afirmou nesta quinta-feira que as medidas de desconfinamento decretadas pelo Governo não tiveram impacto na curva epidemiológica.

“Hoje, como sabem, tivemos uma reunião no Infarmed e temos acompanhado a curva. Passaram mais de dez dias desde as medidas de desconfinamento e não se reflectiu ainda nenhuma influência nessa curva. Tudo indica que, apesar de termos desconfinado e retomado a actividade, os portugueses têm cumprido as medidas de segurança”, afirmou Graça Freitas.

Apesar disso, um crescimento de 200 a 300 novos casos por dia é “respeitável" e acontece porque “em algumas regiões do país o vírus ainda circula bastante e podem surgir pequenos surtos”. “Basta um surto numa fábrica ou creche, mas estamos dentro do que é normal e expectável”, acrescentou a directora-geral da Saúde.

Graça Freitas adiantou ainda que, em Portugal, o R (o número médio de contágios causado por cada pessoa infectada) “anda à volta de 1”, com algumas assimetrias regionais. “Neste momento, [a região de] Lisboa e Vale do Tejo tem um R ligeiramente superior ao do resto do país, porque é de facto a região que tem registado mais casos, mas não é um número muito elevado. Teve pequenos surtos, mas não me parece que isto reflicta alguma movimentação específica depois do desconfinamento”, esclareceu a directora-geral, acrescentando que é preciso “aguardar alguns dias” para verificar a situação.

Questionado sobre o facto de o desconfinamento não ter tido até agora um impacto negativo na curva epidemiológica, António Lacerda Sales pediu aos portugueses que mantenham os comportamentos de segurança.

“Queremos que os portugueses tenham confiança, mas uma palavra de confiança com salvaguarda da segurança. Fica aqui uma vez mais o apelo para que não facilitemos. E que mesmo numa situação, como a senhora directora-geral da Saúde disse, com uma curva estabilizada e trajectória favorável, penso que essa confiança não deve ser excessiva. Confiança sim, mas com segurança. Que mantenhamos os nossos comportamento e valores e que se mantenham as orientações da DGS”, disse o secretário de Estado da Saúde.

Portugal recebeu 4,8 milhões de máscaras

António Lacerda Sales detalhou que a Linha SNS24 recebe, em média, sete mil chamadas por dia, com o tempo de espera a ser inferior a um minuto. O secretário de Estado deu ainda conta de um carregamento de material que chegou ao país na terça-feira.

“Chegou na terça-feira um voo com 4,8 milhões de máscaras cirúrgicas, 280 mil zaragatoas e 22 mil fatos de protecção integral. Este material está já no Laboratório Militar e será distribuído consoante as necessidades. Estamos empenhados em garantir que o SNS continue a dar respostas — quer ‘covid’, quer ‘não-covid’ — às situações.”

O secretário de Estado da Saúde revelou que houve uma quebra do número de colonoscopias e endoscopias realizadas, relembrando aos pacientes a importância destes procedimentos e garantindo que as unidades de saúde podem ser visitadas em segurança.

“Desde Janeiro até 8 de Maio, relativamente às endoscopias digestivas altas, há uma diminuição de 22%, e relativamente às colonoscopias a diminuição é de 25%. São números acumulados, sendo que, como é óbvio, é um quadro [com maior impacto] em Março e Abril. É uma área que nos preocupa, cruza muito com a oncologia e detecção precoce de situações oncológicas. Obviamente vamos fazer um esforço para recuperar todos estes procedimentos no mínimo espaço de tempo. Faço um apelo para que as pessoas não tenham medo, há muita segurança e é importante que se façam detecção precoce de situações oncológicas”, apelou António Lacerda Sales.

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