Rio quer PSD com “alguma” preocupação com presidenciais e aguarda pela decisão de Marcelo

Rui Rio analisou as principais preocupações do partido em 2020 numa intervenção na primeira assembleia distrital digital do PSD-Lisboa, no dia em que se comemoraram os 46 anos do partido.

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Rui Rio, presidente do PSD LUSA/FERNANDO VELUDO

O presidente do PSD defendeu na quarta-feira à noite que o partido deve ter “muita” preocupação com as autárquicas, “alguma” com as presidenciais de Janeiro e “nenhuma” com as legislativas, o que permitirá uma “oposição mais tranquila e saudável” ao Governo.

Numa intervenção na primeira assembleia distrital digital do PSD-Lisboa, no dia em que se comemoraram os 46 anos do partido, Rui Rio fez uma análise de quais devem ser as principais preocupações do partido em 2020, dizendo que “tem de se preocupar muito com um dossiê em concreto, um bocadinho menos com outro e nada” com um terceiro.

Se as eleições autárquicas do Outono de 2021 têm sido apontadas por Rui Rio como uma prioridade desde que foi eleito presidente do PSD, em 2018, o líder social-democrata atribuiu também algum relevo às presidenciais de Janeiro do próximo ano, que não constavam da moção de estratégia com que se apresentou às últimas directas.

“Tem de ter alguma preocupação com as eleições presidenciais: os partidos não concorrem, mas, no entanto, um partido como o PSD obviamente tem de apoiar um candidato. Não é desculpável que um partido desta dimensão não tenha candidato”, afirmou.

Para este sufrágio, Rio não escondeu que o partido já tem um candidato natural, dizendo que o PSD “terá de aguardar pela posição do actual Presidente da República e militante do PSD”, Marcelo Rebelo de Sousa. “Aguardemos aquilo que ele pretende fazer e como fazer”, disse. Recorde-se que o actual Presidente tem adiado a data para tomar uma decisão.

Já quanto às legislativas, que teoricamente só se realizam em 2023, o líder do PSD defendeu que não são uma preocupação, lembrando que a partir de Setembro e até meados do próximo ano nem sequer se podem realizar de acordo com a Constituição.

Podemos dedicar-nos às autárquicas e à oposição saudável ao PS sem a preocupação de saber que vai haver um ato eleitoral que degrada sempre muito o ambiente”, defendeu.

Rio reconheceu que o partido está atrasado em relação à preparação das autárquicas: “Devíamos ter começado a acção no terreno em 2019, mas primeiro foram os tumultos internos, depois as europeias, as legislativas, a seguir as directas e agora tivemos o vírus”, lamentou, referindo-se à pandemia de covid-19.

O líder do PSD reconheceu que, “com as pessoas todas confinadas em casa, será muito difícil” lançar agora esse tema, mas apelou a todas as distritais que comecem “seriamente a tratar das autárquicas”.

Em resposta a uma questão do presidente da Junta de Freguesia da Estrela (Lisboa), Luís Newton, Rio admitiu que o vírus deu “uma oportunidade favorável a quem está no poder” se tiver dado uma boa resposta, o que prejudica o PSD, que tem muitos menos câmaras e juntas que o PS.

“Quem está na oposição tem de procurar estar muito atento às fragilidades da gestão autárquica e procurar uma comunicação muito directa com os eleitores”, aconselhou, considerando que o vírus até prejudica menos uma campanha autárquica do que uma nacional, já que não precisa de “comícios ou grandes jantares”.

No final de mais de uma hora em que participou na assembleia distrital, Rui Rio assegurou que conta com Lisboa, “o principal distrito do país em população”, para “o engrandecimento do PSD e dar um contributo forte para um resultado autárquico favorável do PSD”.

A covid-19 atravessou quer a intervenção inicial de Rio, quer a fase de perguntas e respostas, com o líder social-democrata a reiterar que o partido apresentará “um programa próprio” de relançamento da economia no final de maio ou início de junho e irá também preparar um “plano de resposta social”.

Reafirmando a postura de colaboração com o executivo do PS no combate à pandemia do novo coronavírus, Rio disse que além das matérias em que discordou do Governo - como o perdão de penas aos reclusos - houve também outras de que não gostou.

“Eu não gosto que o Governo ande a fazer “marketing” político em cada canto, em cada esquina a seu favor à conta do vírus, mas Portugal tem de estar acima disso”, defendeu.

Para breve, o líder do PSD anunciou que o partido terá um “site” renovado, outro processo que também teve algum atraso devido à covid-19. “Não está por dias, mas por semanas, o vírus prejudicou tudo, também prejudicou o “site”, mas não tanto, porque pode ser construído a partir de casa”, afirmou.

Apesar de lamentar não ver os rostos para quem falava, Rio saudou esta nova forma de reunião, com o presidente da Assembleia Distrital, o deputado Carlos Silva, a transmitir que mais de 600 pessoas assistiram por via digital e que certamente muitas “bateram palmas” em suas casas.

Já o presidente da distrital de Lisboa, Ângelo Pereira, assegurou ao líder que pode contar com esta estrutura para ser “um braço armado” no combate ao PS e ao actual Governo.

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