Um asteróide de dois quilómetros passou “perto” da Terra – mas sem perigo

A NASA garante que não há risco de colisão no próximo século. Este asteróide 1998 OR2 voltará a passar ainda mais perto da Terra daqui a 59 anos e o seu estudo pode “ser útil” para desviar um objecto deste género de uma trajectória de impacto.

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Ilustração científica de um asteróide de grandes dimensões NASA/JPL-Caltech

Um asteróide de dois quilómetros passou nesta quarta-feira perto da Terra, sem representar qualquer perigo – ainda assim, os cientistas aproveitaram para estudá-lo ao pormenor e também recolher dados para conhecer melhor a sua órbita. Chama-se 1998 OR2 e seguia a uma velocidade de cerca de 30 mil quilómetros por hora. Ainda que em termos espaciais tenha passado aqui “perto”, estava a mais de seis milhões de quilómetros da Terra – cerca de 16 vezes mais do que a distância que nos separa da Lua.

Como o nome deixa adivinhar, o asteróide 1998 OR2 foi descoberto em 1998 e os astrónomos têm acompanhado a sua trajectória desde então. É com base nesse estudo feito nas últimas duas décadas que garantem que o asteróide não apresenta qualquer risco de colisão com a Terra nos próximos 200 anos. Ainda assim, entra para a categoria de “asteróide potencialmente perigoso” porque, ao longo do tempo, basta uma ligeira mudança na sua trajectória para que se possa tornar uma ameaça para quem vive na Terra.

O director do Centro de Estudos de Objectos Próximos da Terra (da NASA), Paul Chodas, explicou ao PÚBLICO que o asteróide “não estava brilhante o suficiente para ser visto a olho nu”. O asteróide esteve mais perto da Terra por volta das 10h55 na hora de Portugal continental.

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O asteróide 1998 OR2 (o ponto central) a atravessar a constelação Hydra cinco dias antes da sua aproximação à Terra. Nesta altura, estava a 7 milhões de quilómetros da Terra Virtual Telescope Project

O objecto só voltará a passar pela Terra daqui a 59 anos. Em 2079 o asteróide passará ainda mais perto da Terra – a cerca de quatro vezes a distância que separa o nosso planeta da Lua, daí ser importante conhecer a sua órbita com precisão. “Podemos dizer com 100% de certeza que não haverá possibilidade de impacto nesse ano”, assegura Paul Chodas, numa resposta por email.

Esta passagem próxima da Terra permite aos cientistas estudar o asteróide mais de perto e analisar o seu tamanho, a sua forma e a sua composição (e também o seu grau de reflectividade). “O radar é uma ferramenta importante para estudar asteróides, mas só pode ser usado quando eles estão relativamente perto, como este está agora”, sintetiza Chodas. E o estudo destes asteróides pode, um dia, “ser útil caso tenhamos de desviar um objecto destes de uma trajectória de impacto”.

A passagem de um asteróide destas dimensões próximo da Terra é um acontecimento pouco frequente, explica a NASA no seu site. A última aproximação de um asteróide de grandes dimensões aconteceu em Setembro de 2017 com o asteróide Florence, que mede cinco quilómetros e passou a 18 vezes a distância entre a Lua e a Terra. A NASA estima que haja objectos com dimensões similares a passar nas “vizinhanças” da Terra de cinco em cinco anos.

Tal não constitui razão para alarme, garantem os cientistas. “É altamente improvável que possa haver um impacto de algum destes asteróides de grandes dimensões no próximo século, mas continuamos os esforços para descobrir todos os asteróides possam constituir alguma ameaça para a Terra”, lê-se no site da agência espacial norte-americana. A NASA esclarece ainda que cerca de 98% de todos os asteróides de grandes dimensões que passam perto da Terra foram já descobertos, rastreados e catalogados.

Notícia actualizada às 21h33: foram acrescentadas as declarações do director do Centro de Estudos de Objectos Próximos da Terra, da NASA, Paul Chodas.

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