A solução Quaker para a Europa

Esta é a segunda conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação.

No final do século XVII, quase todos os cristãos tinham uma certeza e uns quantos deles tinham uma preocupação. A certeza era a de que o cristianismo era a verdadeira religião. A preocupação era que, nesse caso, se tornava difícil saber qual cristianismo. Se o cristianismo era a verdadeira religião, então por que raio os cristãos estavam num estado de guerra e discórdia permanente entre católicos e protestantes, entre protestantes e protestantes, entre seitas dentro de cada igreja e tendências dentro de cada seita?

No fundo, para o cristão devoto mais arguto, vivia-se uma situação semelhante àquela que levara Al Ghazzali a abandonar a filosofia: se a filosofia era o caminho para a felicidade, por que discordavam os filósofos entre si? Se o cristianismo era a verdadeira religião, por que não concordavam os cristãos entre si? Pior ainda, bastava andar informado para perceber que se vivia agora um período de uma relativa acalmia nas lutas entre muçulmanos, pelo menos aqueles que viviam sob o Império Otomano. Não seria possível, perguntavam-se então, que os muçulmanos não pudessem senão rir das nossas pretensões cristãs a ser fiéis da verdadeira fé? Não poderiam os muçulmanos retorquir, zombeteiramente, “os cristãos?! são eles que têm a verdadeira religião?! mas se eles nem sequer se entendem entre si!”.

Estes eram pelo menos os temores na mente de um jovem William Penn, a caminho do fim do século XVII.

Era uma figura curiosa este William Penn.

Esta é a segunda conversa da nossa quarta memória, dedicada à emancipação.

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