Covid-19: Centro Dramático de Évora a “tratar do processo” para layoff

A pandemia implicou o cancelamento e adiamento de espectáculos e a companhia vai aderir ao layoff simplificado.

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José Russo, actor, encenador e membro da direcção do Centro Dramatico de Evora Cendrev PAULO PIMENTA

O Centro Dramático de Évora (Cendrev), que se “alimenta” do palco e do público, de que a pandemia da covid-19 o obrigou a afastar-se, está a “tratar do processo” para aderir ao layoff simplificado.

A pandemia implicou “o cancelamento e adiamento de espectáculos”, o que acontece também “nas companhias a nível nacional, do Algarve até Viana do Castelo”. “Estamos todos na mesma”, destacou esta quinta-feira José Russo, director da companhia de Évora.

No caso do Cendrev, com “12 ordenados para pagar todos os meses” e que “têm sido sempre assegurados”, estas “situações de crise obrigam a encontrar soluções pontuais” para “acudir” às pessoas, que é o “que está a ser ponderado” com o caso do regime de layoff  simplificado [uma das medidas que o Governo adoptou para conter os efeitos da pandemia], frisou o director.

“Estamos a ver a possibilidade de, rapidamente, entrar em layoff. Como o Cendrev está, do ponto de vista económico, temos de recorrer [a esse regime e] lançar mão a tudo o que seja possível”, sublinhou José Russo. “A questão do layoff obriga-nos a ter algum dinheiro, porque só paga uma parte dos salários. Já estamos a tratar desse processo com o nosso contabilista para ver se conseguimos aceder ao layoff o mais rapidamente possível, em princípio para a totalidade das pessoas”, vincou.

O responsável garantiu que o objectivo é que “toda a gente continue a receber o seu salário” para que, “logo que seja possível”, a companhia possa “retomar a actividade”. Devido à pandemia da covid-19, diversas oficinas com os alunos das escolas, previstas para as férias da Páscoa, “não aconteceram, naturalmente”, exemplificou.

Duas novas criações teatrais, uma em co-produção com a companhia BAAL 17, de Serpa, e outra prevista para Évora, em Julho, foram canceladas, tendo ainda sido adiados espectáculos, em diversos concelhos do distrito de Évora, com os Bonecos de Santo Aleixo, marionetas tradicionais do Alentejo, num projecto aprovado pela Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (Cimac).

“Estamos em casa, como toda a gente”, prosseguiu o director do Cendrev. Porém, o trabalho dos actores da companhia “implica relações sociais, actuações entre as pessoas e não se pode estar a ensaiar cada um na sua casa”, lamentou. Ainda assim, os elementos do Cendrev “não têm estado parados”, porque “têm preparado e editado pequenas coisas” que são colocadas online, na sua página da rede social Facebook, e “estão a estudar e a analisar textos”, enquanto “está em preparação a programação para a segunda metade do ano”, resumiu.

“Neste momento, o Cendrev está a viver com o apoio financeiro que teve da Câmara de Évora, em Fevereiro, e com algum dinheiro de coisas que vinham de trás”, relatou. Tendo ficado de fora, este ano, do financiamento da Direcção-Geral das Artes, José Russo disse que, agora, o Cendrev candidatou-se “a este financiamento do Fundo de Fomento Cultural” do Ministério da Cultura (apoios de emergência lançados no final de Março) e “ao apoio que, em boa hora, a Fundação Gulbenkian lançou”, mas disse não ter ainda recebido “qualquer resposta”.

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