Produtores discutem redução de 10% na oferta de petróleo

Países produtores tentam conter a descida de preços que se verificou nas últimas semanas nos mercados internacionais, beneficiando as economias importadoras de petróleo como a portuguesa

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Reuters/Angus Mordant

Confrontados com uma das descidas de preços mais acentuadas da história e a tentarem adaptar-se ao cenário de procura muito mais baixa trazido pela pandemia, os países produtores de petróleo parecem decididos a esquecer as recentes divergências para chegarem a acordo relativamente a uma diminuição da oferta.

De acordo com a agência Reuters, que cita fontes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEC, na sigla inglesa), os membros desta entidade estão em negociações com outros países produtores, como a Rússia, para chegarem a um entendimento para cortar cerca de 10% da oferta actualmente disponível no mercado. Esta é a forma encontrada por estes países para tentar limitar os danos que lhes está a causar a descida de preços registada nas últimas semanas.

No final do ano passado, os preços do barril de petróleo situavam-se em 66 dólares, mas agora não ultrapassam metade desse valor, isto apesar de nas últimas 24 horas, devido às notícias que dão conta da possibilidade de um corte na oferta, o preço ter subido do mínimo de 22 dólares por barril para 33 dólares por barril.

A descida de preços das recentes semanas deveu-se à combinação de dois factores. Por um lado, a fortíssima contracção da actividade económica provocada pela pandemia do novo coronavírus conduziu a uma quebra da procura de petróleo nos mercados internacionais. E, por outro lado, Arábia Saudita e Rússia, dois dos maiores produtores mundiais desentenderam-se e anunciaram que deixariam de cumprir os limites de produção antes acordados.

Isto conduziu a uma alteração radical do ponto de equilíbrio entre a oferta e a procura que, embora beneficiando países importadores como Portugal, prejudica claramente os países exportadores.

É por isso que agora Arábia Saudita e Rússia se vêem forçadas a chegar a um entendimento. Foi agendada para a próxima segunda-feira uma reunião entre os membros da OPEC (onde está a Arábia Saudita) e outros produtores (onde se inclui a Rússia), estando em cima da mesa a realização de um corte generalizado da oferta, na casa dos 10%.

Na quinta-feira, o presidente norte-americano, Donald Trump, já tinha escrito, na sua conta do Twitter, que um entendimento entre a Rússia e a Arábia Saudita para realizar um corte de produção situado entre 10 e 15 milhões de barris estava prestes a ser alcançado. Essa declaração foi o suficiente para que os preços do barril de petróleo tivessem registado uma subida dos mínimos de quase 20 dólares em que se encontravam.

Os especialistas no mercado petrolífero internacional assinalam ainda que, para além de eventuais acordos que se venham a definir entre os principais países exportadores, os níveis de produção dificilmente se poderiam manter a níveis elevados durante muito mais tempo. É que, perante a quebra da procura tão pronunciada a que se está a assistir em todo o mundo, as empresas produtoras de petróleo estão a começar a ficar sem espaço de armazenamento disponível para guardar o crude que não conseguem escoar.

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