Rei da Tailândia faz quarentena com 20 mulheres em hotel alemão

O estilo de reclusão adoptado pelo monarca está a levantar revolta no seu país, onde críticas ao governante podem valer até 35 anos de cadeia.

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Não é claro se as quatro esposas de Rama X estão incluídas na comitiva hospedada no hotel Reuters/JORGE SILVA

A actual pandemia de coronavírus dita o isolamento social, mas o rei Maha Vajiralongkorn – Rama X – faz a quarentena de outra forma, com o seu harém de 20 mulheres, num hotel na Baviera, numa excepção à lei local do estado de emergência da região alemã.

A estância de luxo, o Grand Hotel Sonnenbichl, em Garmisch-Partenkirchen, foi reservada na totalidade pelo monarca, com “permissão especial” do distrito para o acomodar e à sua comitiva – que inclui as 20 concubinas e múltiplos empregados, não sendo claro se as quatro esposas de Rama X estarão incluídas.

A excepção concedida tem que ver com o facto de “os hóspedes serem um só grupo de pessoas, homogéneo e sem flutuações”, segundo o porta-voz do conselho distrital da região, citado do tablóide local Bild pelo espanhol El País. Entretanto, foi também reportado que 119 membros da comitiva do monarca de 67 anos foram extraditados para a Tailândia, sob suspeita de terem contraído a covid-19.

A insólita quarentena do rei Rama X na Europa está a enfurecer a Tailândia, que tem acorrido às redes sociais para criticar o soberano – um feito que pode dar até 35 anos de pena de prisão no país. Segundo o El País, nas 24 horas após as primeiras notícias do lazer alemão do monarca, uma hashtag tailandesa de revolta esteve nas tendências do Twitter, registando 1,2 milhões de entradas.

O El País nota que o rei, empossado em 2016 e coroado em 2019, não aparece em público no seu país desde Fevereiro, conforme relata o Bild. O hotel onde habita agora, de quatro estrelas, tem quartos comuns a 85 euros a noite, e suítes a 368 euros – preços “modestos” para uma figura muitas vezes equiparada a um semideus. Rama X é considerado o monarca mais rico do mundo, refere o periódico espanhol, não pagando sequer impostos na Tailândia.

Na semana passada, a Reuters questionava Puttipong Punnakanta, ministro da Economia Digital e da Sociedade do país, sobre um tweet seu a alertar os cidadãos quanto às leis do conteúdo online. Não referindo o motivo do aviso, o ministro disse que as autoridades estariam “ao corrente de problemas como notícias falsas”, e que monitorizam “regularmente tudo o que possam”.

“Respeitamos a liberdade de expressão, mas se causar dano, vamos exercer a lei”, prometeu, acrescentando que a acção governamental na situação em causa dependeria de consulta junto das agências de segurança do país, cuja monarquia prevalece no centro da cultura popular, apesar de ser um regime constitucional desde 1932.

A Tailândia foi o primeiro país fora da China a registar um caso de covid-19, em Janeiro, retoma a Reuters, mas não tinha mais de 42 infecções antes de Março, de acordo com o Ministério da Saúde Pública. Actualmente, são 1651 os casos contabilizados, com dez mortes e 342 recuperações.

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