Bancos disponibilizam moratória nos créditos pessoais, mas encargos com juros sobem

Solução dos bancos envolve apenas a suspensão temporária do pagamento da componente de capital. Não há cobrança de comissões pela alteração.

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Suspensão do pagamento de empréstimos tem custos a prazo. LUSA/MÁRIO CRUZ

Pelo menos quatro bancos, a Caixa Geral de Depósitos, o BPI, o Santander e o BCP mantêm a sua oferta comercial de suspender o pagamento de capital nos empréstimos pessoais, quando os clientes o solicitarem. Estas ofertas têm características que os clientes devem ter em conta, nomeadamente o pagamento de juros durante mais tempo ou a amortização de mais capital, após o período dos seis meses, o que faz aumentar as prestações futuras.

Na prática, as soluções a apresentar aos clientes passam pelo alargamento do prazo do empréstimo, o que implica que os clientes paguem mais juros. Isto porque pagam os juros durante seis meses e depois pagam os juros referentes ao capital em dívida duração o período do empréstimo, entretanto prolongado, mais seis meses.

A outra alternativa, no caso de não se verificar o aumento do prazo, passa pelo aumento das prestações, uma vez que o capital que não foi amortizado no período de carência será diluído no prazo inicialmente fixado. Porque o capital em dívida aumentou, os juros a pagar também aumentam.

Nas duas situações, o montante total imputado ao cliente (MTIC) aumenta, ou seja, o custo total do empréstimo, aumenta.

A moratória do Governo limita-se, no caso das famílias, apenas ao crédito à habitação própria permanente, e consiste numa suspensão total das prestações durante seis meses. Esta proposta governamental exclui, portanto, o crédito pessoal e ao consumo, distinção nem sempre fácil de fazer.

Os bancos que pretendem apoiar os clientes afectados pela crise económica e financeira gerada pela covid-19 estão a disponibilizar a suspensão temporária de apenas uma das componentes das prestações dos empréstimos pessoais. Trata-se da fatia correspondente à amortização de capital, habitualmente a parte mais significativa, continuando a pagar a fatia dos juros.

Mas como não há, nesta proposta dos bancos, ou na do Governo para os empréstimos da casa, qualquer perdão de juros ou de capital, o que acontece é que a parte que não é paga agora terá de o ser no futuro.  

O PÚBLICO apurou que, no caso do BPI, a opção de renegociação dos empréstimos, que é o que acontece neste tipo de situações, passa pelo alargamento do prazo. 

Na prática, os pedidos de suspensão de capital propostos pelos bancos deverão ser bem avaliados pelas famílias, tendo em conta os encargos totais com juros, podendo, no entanto, ser uma boa solução para os clientes que sofrem ou vão sofrer uma diminuição de rendimentos no âmbito da pandemia criada pela covid-19.

No caso dos quatro bancos, a moratória será permitida aos clientes que têm empréstimos em dia, e dependerá sempre da avaliação do banco, quando na moratória do crédito à habitação definida pelo Governo a sua aplicação é obrigatória em relação aos clientes que cumpram os critérios estabelecidos.

Em apenas dois bancos, no BPI e BCP, são expressamente incluídos os créditos para a compra de automóveis.

Os principais bancos têm vindo a anunciar um conjunto de medidas, que vão desde as moratórias, à renovação das linhas de crédito ou à suspensão de algumas comissões, que devem ser consultadas no site de cada instituição.

Notícia actualizada com a possibilidade do capital não amortizado durante seis meses ser pago no prazo inicial do empréstimo, o que faz subir as prestações, ou ser alargado o prazo inicial. E com a inclusão do BCP, que tem propostas semelhantes às dos três bancos referidos inicialmente.

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