Juízes, militares e altos funcionários detidos por corrupção na Arábia Saudita

Comissão de Controlo e Anticorrupção (Nazaha) abriu processos-crime contra 674 pessoas, 298 delas foram suspensas e acusadas “de vários delitos de corrupção administrativa e financeira”.

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O príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman ANDRES MARTINEZ CASARES/Reuters

A Comissão de Controlo e Anticorrupção (Nazaha) da Arábia Saudita suspendeu e acusou 298 funcionários do Estado por crimes de corrupção e abuso de cargo público, entre eles oito militares do Ministério da Defesa e 29 altos funcionários do Ministério do Interior, incluindo três generais. A maioria dos crimes aconteceu durante o tempo do rei Abdullah, que morreu em 2015 e a quem sucedeu o meio-irmão Salman.

“A Comissão abriu um processo administrativo a 219 funcionários por incumprimento do dever; também iniciou um processo penal contra 674 pessoas, 298 das quais foram suspensas do emprego, de acordo com a lei e acusadas de vários delitos de corrupção administrativa e financeira, como suborno, peculato, desperdício de dinheiro público, aproveitamento de cargo e uso indevido de cargo público”, afirma a Nazaha no seu site.

A campanha anticorrupção iniciada em 2017 e que se assemelha a uma purga dentro da família real saudita a mando do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MBS), iniciada em 2017 com a detenção de vários príncipes e altas figuras do regime no Hotel Ritz-Carlton de Riad. E que na semana passada levou à detenção de três príncipes, entre eles o irmão mais novo do rei Salman, Ahmed bin Abdulaziz, e o Mohammed bin Nayef, o sobrinho do monarca afastado da sucessão do trono por MBS.

Aliás, a Nazaha faz questão de agradecer ao príncipe “o seu papel positivo” e aos ministros “a sua permanente colaboração” para conseguir “eliminar a corrupção em todas as suas formas”, ao mesmo tempo que “reafirma a capacidade do sistema judicial para lutar contra a corrupção”.

Entre os acusados estão oito militares, incluindo um general no activo e sete oficiais na reforma, por suborno e lavagem de dinheiro em contratos públicos para o Ministério da Defesa entre 2005 e 2015. Há ainda mais dois generais do Ministério do Interior que estão entre 15 pessoas acusadas de aproveitamento de cargo público e suborno e três coronéis entre os 14 acusados pelos mesmos crimes numa investigação relacionada com a delegação do Ministério do Interior na região Leste.

De acordo com o El País, as investigações da campanha anticorrupção, cujas conclusões foram anunciadas no domingo, atingem os ministérios da Educação e da Saúde e o sistema judicial, com dois juízes acusados de receber subornos. Dez funcionários do Ministério da Educação foram acusados de corrupção, num caso relacionado com a queda de um edifício da universidade de Riad, que provocou a morte de várias pessoas.

Diz a Nazaha, que o Estado saudita foi defraudado em 379 milhões de riais (90,6 milhões de euros) com estes crimes.

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