EUA vão limitar número de jornalistas correspondentes chineses

Medida aplica-se aos media controlados por Pequim e é uma resposta da Administração Trump à expulsão dos três jornalistas do Wall Street Journal da China.

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Pompeo justificou a medida com a “vigilância, o assédio e a intimidação” chinesa sobre correspondentes estrangeiros LUSA/STRINGER

A Administração Trump anunciou na segunda-feira que vai limitar o número de jornalistas chineses ligados aos órgãos de comunicação social controlados pelo Partido Comunista chinês que trabalham como correspondentes nos Estados Unidos. 

A medida foi justificada com a “vigilância, assédio e intimidação extremas” levadas a cabo pelo Estado chinês “há vários anos” sobre “os americanos e outros jornalistas estrangeiros” sediados na China e é uma clara retaliação da Casa Branca à expulsão recente de três jornalistas do Wall Street Journal ordenada por Pequim.

A partir de 13 de Março, o número total de jornalistas que pertençam aos quadros da agência noticiosa Xinhua, da cadeia televisiva China Global, da emissora de rádio China Radio International ou do jornal China Daily, passará a ser 100, ao invés dos actuais 160.

De fora das restrições ficam os restantes jornalistas de nacionalidade chinesa que trabalhem para outro órgão de comunicação social nos EUA.

“Esperamos que esta acção incentive Pequim a adoptar uma abordagem mais justa e recíproca em relação à imprensa dos EUA e estrangeira na China”, defendeu o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, num comunicado na segunda-feira,

“E instamos o Governo chinês a respeitar, de forma imediata, os seus compromissos internacionais de respeito pela liberdade de expressão, incluindo para os membros da imprensa”, acrescentou o chefe da Diplomacia dos EUA.

Em resposta, esta terça-feira, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, lembrou que Pequim nunca restringiu o número de jornalistas norte-americanos sediados no país e admite retaliações contra o que considera ser uma autêntica ordem de “expulsão” de trabalhadores chineses dos EUA.

“A China reserva o direito de responder e implementar medidas”, disse Zhao Lijian, citado pela Reuters.

A justificação chinesa para a expulsão dos três correspondentes do Wall Street Journal prendeu-se com um artigo de opinião – intitulado A China é o Verdadeiro Homem Doente da Ásia – que apontava debilidades do Governo chinês em lidar e conter o surto de coronavírus e que Pequim classificou de “racista e difamatório”.

A expressão “homem doente da Ásia” é associado na China ao período de ocupação estrangeira, entre o final do século XIX e início do século XX, e era utilizada pelas potências ocidentais para se referirem às pobres condições de higiene e saúde no país.

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