Porque é que não deve obrigar o seu filho a partilhar?

Nos primeiros anos, as crianças estão a aprender a satisfazer as suas próprias necessidades. Os conceitos de partilhar e emprestar são muito complexos para que os compreendam. O blogue For Babies Brain faz parte dos Pares do Ímpar.

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Saber dizer que “não” é uma competência muito importante para o futuro Rashid Sadykov/Unsplash

Já todos passámos pela situação desconfortável de, numa festinha ou no parque, o nosso filho se recusar a partilhar um brinquedo com outra criança. Com um ar mais ou menos envergonhado, regra geral aproximamo-nos, e tentamos delicadamente explicar ou convencê-lo, em tom de “é para fazer o que estou a dizer”, de maneira a que largue o brinquedo porque outra criança o quer naquele momento. Mas por que razão fazemos isto? 

Na verdade, o que é importante ensinar às crianças é a serem capazes de brincar bem juntas, o que para muitos pais quer imediatamente dizer ensinar o seu filho a partilhar! Pode ser só porque queremos ensinar os nossos filhos a crescerem e a transformarem-se em pessoas generosas, tentando responder sempre às necessidades dos outros? Ou será porque queremos que os outros não pensem que somos pais egoístas ou negligentes?

Qual é o objectivo de ensinar os nossos filhos a partilhar? 

Esta tarefa pode ser difícil tanto para os filhos como para os pais porque, nos primeiros anos, as crianças estão a aprender a satisfazer as suas próprias necessidades. Os conceitos de partilhar e emprestar são muito complexos para que os compreendam.

A maior parte ainda não desenvolveu competências complexas como a empatia e, por isso, é-lhe difícil colocar-se “nos sapatos dos outros” e, ainda mais difícil, ser capaz de fazer algo para que se satisfaça as necessidades do “outro” — convenhamos que encontramos ainda muitos adultos com esta mesma dificuldade.

Forçar o seu filho a partilhar não vai ensinar-lhe as competências sociais que quer que ele desenvolva, pelo contrário, pode contribuir para aumentar os momentos de birra! Além de que pode transmitir mensagens erradas como “se o outro chora e consegue o que quer, eu também posso fazê-lo” ou “devo sempre dar aquilo que quero ao outro, só porque o outro quer”.

Para melhor compreender, convido os pais a colocarem-se no lugar dos seus filhos:

Quando a criança está a brincar, está concentrada numa actividade que, para ela, tem uma lógica. Interrompê-la só porque o “outro” quer o mesmo brinquedo, será o mesmo que outra pessoa tirar-lhe os ingredientes enquanto está a fazer um bolo.

Ainda em relação a esta questão da concentração: Imagine-se a ler um livro, a chegar à parte mais interessante e, de repente, alguém chega ao pé de si e, zás, tira-lhe o livro! Não é assim tão natural para nós adultos sermos interrompidos numa actividade, pois não? Por exemplo, não partilhamos com qualquer estranho o nosso carro ou o nosso telemóvel.

Por isso, saber dizer que “não” é uma competência muito importante para o futuro que, por vezes, muitos de nós temos dificuldades em exercitar junto da nossa família, dos nossos colegas de trabalho, etc. Por isso, deixe que o seu filho a desenvolva, vai-lhe ser útil no futuro!

For Babies Brain by Clementina é um parceiro do Pares do Ímpar. Os conteúdos publicados são da responsabilidade da autora. Pares do Ímpar é um projecto de parceria entre o PÚBLICO e criadores independentes de conteúdos em áreas especializadas, complementares ao alinhamento editorial do Ímpar.

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