Prémios com votação do público? Não!, diz associação de bloggers de viagem

“Este tipo de concursos não valoriza a qualidade e o mérito do trabalho dos muitos e bons bloggers de viagem”, justifica Filipe Morato Gomes, presidente da Associação dos Bloggers de Viagem Portugueses.

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Ian Schneider/Unsplash

Mais qualidade e mérito. Menos anúncios nas redes sociais e votos mendigados online. A Associação dos Bloggers de Viagem Portugueses (ABVP) escreveu um comunicado em que desencoraja os seus associados a participarem em prémios por votação do público.

A tomada de posição da ABVP, que no dia 1 de Março celebrou o seu primeiro aniversário, surge na sequência dos Discover the World Travel Awards, criados pela Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), com um certame agendado entre os próximos dias 11 e 15. Segundo o regulamento deste concurso, os vencedores para as diferentes categorias “serão eleitos pelo público” e ainda que um júri constituído por “personalidades ligadas ao jornalismo de viagens e conteúdos digitais assim como ao sector do turismo” tenha uma palavra a dizer na anterior fase de selecção.

“Este tipo de concursos não valoriza a qualidade e o mérito do trabalho dos muitos e bons bloggers de viagem portugueses, no qual se incluem excelentes blogues de menor implementação nas redes sociais e assim sempre afastados do merecido reconhecimento”, começa por dizer Filipe Morato Gomes, presidente da ABVP (e autor do blogue Alma de Viajante), que defende a acção incisiva de um “júri qualificado” em detrimento de prémios resultantes da “votação do público” normalmente sujeita a estratégias mais ou menos enviesadas. “Ganha muitas vezes quem importuna mais os seus seguidores, ou quem decidir investir mais dinheiro em anúncios nas redes sociais para promover o pedido de votos: os bloggers de viagem existem para inspirar os portugueses a viajar, não para lutar, para “mendigar” votos que lhes permitam vencer ou aceder ao próximo nível de qualquer concurso.”

“O objectivo dos promotores”, assume Morato Gomes, “deveria ser distinguir os melhores e incentivar todos a produzir conteúdos cada vez mais qualificados e inspiradores, independentemente do tamanho das suas audiências.”

Recorde-se a exemplo o caso do último concurso do género lançado pela Momondo que resultou na desqualificação de um conjunto de bloggers portugueses por utilização de “votos fraudulentos” para chegarem aos primeiros lugares de várias categorias da competição.

É um caso entre muitos, garante a ABVP. “O modelo dos votos abre a porta a eventuais fraudes”, sublinha a Associação que tem como principal objectivo a regulação da actividade e a valorização dos bloggers de viagem portugueses – actualmente conta com 55 blogues associados. “A transparência e a ética são pilares fundamentais para nós e todo o sector ganha e é valorizado se a estes princípios lhes juntarmos o profissionalismo, seriedade e rigor, sempre aliados à meritocracia.”

A ABVP “reitera o seu apreço por iniciativas que premeiam a qualidade da escrita, da fotografia, do vídeo e da arte de bem contar histórias de viagem – e que, com isso, contribuem para elevar o patamar qualitativo da produção de conteúdos de viagem em Portugal, valorizando todo o sector do turismo.” Aproveita para sublinhar que “nada tem contra uma categoria de popularidade – isso também é um mérito”, mas defende que” em todas as outras categorias os promotores devem convidar um júri de reconhecido mérito nas diversas áreas, sendo que este assume, naturalmente, a responsabilidade das suas escolhas”.

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