Morcegos, cruzeiros, árvores: PCP lança ideias para que a Capital Verde vá para lá de 2020

Comunistas querem que sejam implementadas medidas estruturantes, que perdurem no tempo.

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Ricardo Lopes

Lisboa é Capital Verde Europeia há dois meses e há-de sê-lo até ao fim de 2020, mas o PCP está preocupado com a cidade que vai acordar a 1 de Janeiro do próximo ano. “Em 2021, o que é que ficou da Capital Verde? Que marcas perduraram na cidade para que se possa dizer que 2020 foi um bom ano?”, questiona-se o vereador Jorge Alves.

“Há uma programação da Capital Verde baseada em eventos, exposições e conferências internacionais. Para além disso não vemos nada de verdadeiramente estruturante”, completa a também vereadora Ana Jara.

Com esta leitura, os eleitos do PCP na Câmara de Lisboa dizem que “ainda há tempo para a câmara assumir um conjunto de acções para criar algo que perdure para lá de 2020” e apresentaram esta quarta-feira várias propostas que consideram estruturantes.

A protecção de colónias de morcegos, a melhoria da qualidade do ar no porto de Lisboa, a criação e manutenção dos corredores verdes, a redefinição das normas sobre podas e abates de árvores e a defesa da estrutura hidrológica são os assuntos levantados pelos comunistas.

“Esta cidade que recebe o galardão é uma cidade com um aeroporto no centro e com um terminal de cruzeiros numa zona muito prejudicial para as populações”, disse Ana Jara. A propósito dos cruzeiros, os vereadores comunistas lembram que Lisboa “é a sexta cidade portuária da Europa com mais emissões poluentes” e dizem que “há normas internacionais que não estão a ser cumpridas”, sugerindo, entre outras coisas, a avaliação da qualidade do ar em todo o porto e a criação de uma solução eléctrica para que os navios não tenham de manter os motores ligados durante as paragens.

Quanto aos corredores verdes, o PCP diz que “não está a ser dado corpo à ideia de renaturalização da cidade” e que os espaços verdes concretizados pela actual maioria socialista são mais “verde enquanto imagem” do que “verde enquanto corredor ecológico”.

Outra preocupação dos comunistas é o tratamento dado às árvores, que consideram ser “uma enorme manta de retalhos” desde que, há alguns anos, essa competência passou para as juntas de freguesia. “O tratamento de arvoredo devia ser objecto de planeamento. Queremos ver de volta o pensamento sobre as árvores de Lisboa de volta à câmara”, afirmou Ana Jara.

Mais inusitada, mas que a vereadora diz ser “fundamental no equilíbrio dos ecossistemas”, é a proposta para mapear e proteger as colónias de morcegos da cidade.

“O que nós desejamos é que no final da comemoração da Capital Verde, a cidade tenha saído enriquecida”, resumiu Jorge Alves, referindo ainda os transportes públicos e o estacionamento periférico como medidas ambientais importantes para o futuro.

As propostas, apresentadas esta quarta-feira em conferência de imprensa, serão levadas à câmara nas próximas semanas.

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