Falsa psiquiatra deu consultas em Braga a dezenas de pessoas

Sonhava ser médica e receitou fármacos sujeitos a prescrição, colocando doentes em perigo. Judiciária está a tentar perceber se agia sozinha ou se teve cúmplices.

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Uma mulher de 38 anos foi detida pela Polícia Judiciária de Braga por dar consultas de psiquiatria apesar de nunca ter frequentado o curso de Medicina nem, tanto quanto se sabe até ao momento, nenhum outro curso superior.

Segundo um comunicado emitido por esta polícia, a mulher desenvolvia esta actividade há pelo menos dois anos, tendo aberto um consultório na casa onde morava com os pais. Ali atendeu largas dezenas de pessoas, às quais receitou fármacos sujeitos a prescrição médica. Como o conseguiu ainda é, por agora, uma incógnita. Tanto pode ter contado com a cumplicidade de médicos autênticos como pode ter-se apoderado das suas credenciais. Certo é que durante estes dois anos encenou uma farsa que, no entender da Polícia Judiciária, “pôs em perigo a saúde e a vida de vários doentes do foro psiquiátrico”. 

As autoridades abriram esta investigação na sequência da queixa da mãe de um jovem doente. Vítima de graves surtos psicóticos, o rapaz era acompanhado no serviço de psiquiatria do Hospital de Braga até a falsa médica ter convencido a progenitora a trocar estas consultas pelas suas. Mais tarde, disse-lhe que iria ser necessário interná-lo numa clínica em Espanha e extorquiu-lhe 44 mil euros com essa finalidade. O internamento nunca aconteceu e a mulher ficou sem o dinheiro.

“Conseguiu ludibriar diversos clientes, dos quais obteve grandes somas de dinheiro, aproveitando-se das suas debilidades físicas e psicológicas”, descreve a Judiciária de Braga, que procedeu ontem a buscas na residência e consultório. “Foram apreendidos vários equipamentos informáticos, dinheiro, medicamentos e material relacionado com a actividade criminosa em causa”, refere ainda o mesmo comunicado.

A falsa psiquiatra tinha consigo 3700 euros em notas. Tanto quanto foi apurado venderia medicamentos no próprio consultório, situado no número 62 da rua Mário de Almeida. Não tinha placa à porta: ia angariando pacientes com base no passa-palavra.

Apesar de nunca ter frequentado Medicina, Ana Cristina Póvoa Pereira sonhava ser médica. A concretização desse sonho pode custar-lhe agora vários anos de cadeia, uma vez que podem estar em causa crimes como burla qualificada e usurpação de funções, falsificação de documentos e até ofensas à integridade física.

Um juiz decidirá esta quinta-feira a que medidas de coacção ficará sujeita a mulher até ser julgada. Entretanto a investigação prossegue, no sentido de encontrar eventuais cúmplices e também mais vítimas da falsa psiquiatra.

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