Bloomberg estreia-se nos debates do Partido Democrata e Sanders reforça a liderança

Antigo presidente da câmara de Nova Iorque sobe 15 pontos numa sondagem desde Dezembro e é cada vez mais o favorito na ala centrista. Mas o líder das sondagens continua a ser Bernie Sanders, cuja vantagem já chega aos dois dígitos.

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Michael Bloomberg gastou mais dinheiro na campanha do que todos os seus adversários em conjunto Reuters/Jonathan Drake

Michael Bloomberg, o multimilionário ex-presidente da câmara de Nova Iorque que quer enfrentar Donald Trump nas eleições presidenciais de Novembro, qualificou-se para o seu primeiro debate televisivo com os restantes candidatos do Partido Democrata. Bloomberg faz a sua estreia perante milhões de telespectadores na quarta-feira, num momento da campanha em que as sondagens lhe são cada vez mais favoráveis – mas que, ainda assim, dão a Bernie Sanders uma vantagem considerável sobre todos os outros.

A qualificação de Bloomberg para o debate de quarta-feira, em Las Vegas, foi carimbada esta terça-feira com a publicação de uma sondagem do instituto Marist, que dá ao candidato 19% das intenções de voto – uma subida de 15 pontos em relação a Dezembro.

Para se qualificarem para os debates no Nevada e na Carolina do Sul (as duas próximas votações nas primárias do Partido Democrata, dias 22 e 29 de Fevereiro), os candidatos têm de ter conquistado pelo menos um delegado nas duas primeiras votações, no Iowa e em New Hampshire, ou então uma de duas outras hipóteses: ou quatro sondagens nacionais com pelo menos 10%, ou duas sondagens em cada estado com pelo menos 10%.

Estas regras do Partido Democrata foram alteradas no final de Janeiro. A partir dessa altura, deixou de ser obrigatório ter um número mínimo de doadores financeiros, o que abriu as portas dos debates a Bloomberg, um multimilionário que autofinancia a sua campanha.

Bloomberg entrou na corrida do Partido Democrata em Novembro e não participa nas primeiras quatro votações (Iowa, New Hampshire, Nevada e Carolina do Sul). Com uma fortuna pessoal avaliada em 60 mil milhões de dólares, já gastou mais de 400 milhões de dólares na campanha e aposta tudo na “super terça-feira” 3 de Março, quando 14 estados norte-americanos vão a votos no mesmo dia, incluindo gigantes como a Califórnia e o Texas.

Esta estratégia deixou-o exposto à acusação de que quer comprar a nomeação como candidato oficial do Partido Democrata, e espera-se que o debate de quarta-feira seja dominado por trocas de acusações entre Bernie Sanders e Elizabeth Warren, de um lado, e Michael Bloomberg do outro lado.

Para além da imagem do político multimilionário, que está no centro do combate de candidatos como Sanders e Warren, Michael Bloomberg vai também ser confrontado com as suas políticas de combate à criminalidade na câmara de Nova Iorque, que eram dirigidas de forma desproporcional à população negra, e com o seu passado de comentários sexistas.

Sanders com 31%

No topo da sondagem da Marist está Bernie Sanders, cada vez mais o favorito para ser o candidato oficial do Partido Democrata contra o Presidente Donald Trump. Segundo a sondagem publicada esta terça-feira, Sanders recolhe 31% das intenções de voto – mais nove pontos percentuais do que em Dezembro.

Joe Biden, o candidato que surgiu em primeiro lugar das preferências durante quase todo o ano de 2019, continua o seu trajecto descendente após os maus resultados nas votações no Iowa e em New Hampshire, onde não foi sequer o mais votado na ala centrista do partido. Foi 4.º no Iowa, atrás de Pete Buttigieg; e foi 5.º em New Hampshire, atrás de Pete Buttigieg e de Amy Klobuchar. Na sondagem da Marist, Biden surge com 15% das preferências, um tombo de nove pontos em relação a Dezembro.

A outra candidata da ala progressista, Elizabeth Warren, também caiu na sondagem da Marist em relação a Dezembro, de 17% para 12%, uma tendência que estará relacionada com o crescimento do apoio a Bernie Sanders.

Por esta altura, os eleitores do Partido Democrata estão divididos sobre o que julgam ser a melhor escolha para derrotar o Presidente Trump em Novembro. A ala progressista, mais influente do que nunca, estava dividida entre Sanders e Warren, e pode estar agora a unir-se à volta do senador do Vermont; na ala centrista, a mais tradicional no partido, Joe Biden parece estar a perder o seu favoritismo inicial para Michael Bloomberg.

Os outros dois candidatos da ala centrista, Pete Buttigieg e Amy Klobuchar, tiveram resultados acima das expectativas nas duas primeiras votações – o antigo presidente da câmara de South Bend, no Indiana, é o líder no número de delegados, com 22, mais um do que Bernie Sanders.

Mas tanto Buttigieg como a senadora do Minnesota beneficiaram de votações em dois estados com eleitorados de maioria branca, e podem não resistir a primárias em estados como o Nevada ou a Carolina do Sul, onde a influência dos eleitores latinos e afro-americanos é maior.

Na sondagem da Marist, Buttigieg é apenas 7.º com 8% das intenções de voto, e o mais preocupante para ele é que a tendência é para piorar – em Dezembro, antes das boas prestações no arranque das primárias, o candidato tinha 13%.

Amy Klobuchar consegue passar para a frente de Pete Buttigieg, com 9% das intenções de voto e uma subida de cinco pontos em relação a Dezembro.

Fora do grupo dos favoritos, o milionário Tom Steyer tem 2%, menos um ponto do que há dois meses; e a congressista Tulsi Gabbard não chega a ter 1% das intenções de voto.

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