Ministros da Defesa aceitam retomar e expandir missão da NATO no Iraque

A aliança atlântica suspendeu as suas operações de treino e formação no país após o assassínio do comandante Soleimani pelos EUA. Agora, está preparada para assumir algumas das responsabilidades da coligação internacional de combate ao Daesh.

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Stoltenberg não se comprometeu com qualquer data para o recomeço da missão Reuters/FRANCOIS LENOIR

Os ministros da Defesa da NATO concordaram em retomar e expandir a sua missão de treino e formação das forças armadas do Iraque, tendo instruído os comandos militares da aliança a definir as novas necessidades operacionais e estudar o melhor modelo para o ajustamento e adaptação do seu mandato naquele país. O plano, que pode não implicar qualquer mexida no contingente destacado no Iraque, poderá ser apresentado ainda antes do final deste mês.

“Numa primeira instância, consistirá em assumir algumas das actividades de treino e aconselhamento que actualmente são asseguradas pela coligação internacional de combate ao Daesh”, apontou o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, que já recebeu uma carta do primeiro-ministro do Iraque, Mohammed Tawfiq Allawi, a confirmar o interesse do seu Governo na manutenção da missão lançada em Outubro de 2018 para apoiar a consolidação do Estado iraquiano.

A decisão surge no rescaldo do assassínio do comandante iraniano Qasem Soleimani numa acção cirúrgica levada a cabo pelos Estados Unidos em Bagdad, e que levou o Parlamento iraquiano a aprovar uma resolução que pedia a retirada das tropas estrangeiras do país — comprometendo os esforços da coligação internacional que foi constituída para travar os avanços do movimento islamista que chegou a controlar um terço do território iraquiano.

A crise, que levou a NATO a suspender temporariamente a missão de treino no Iraque por causa das ameaças de retaliação do regime de Teerão, já foi ultrapassada, mas deixou sequelas. “A situação política no Iraque é de volatilidade e dinamismo permanente. Naturalmente, os desenvolvimentos dos últimos tempos tiveram impacto do ponto de vista da forma como a NATO e a coligação internacional estão no terreno”, reconheceu o ministro da Defesa português, João Gomes Cravinho, no final da reunião.

O alargamento da missão no Iraque vai de encontro às demandas do Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, que tem pressionado os aliados da NATO a assumir um papel mais proeminente no Médio Oriente, para abrir espaço a uma retirada estratégica das tropas norte-americanas. No entanto, vários países têm resistido à pressão, mostrando-se indisponíveis para apoiar operações noutros teatros.

Stoltenberg não se comprometeu com qualquer data para o recomeço da missão da NATO, nem se referiu em detalhe ao modelo de “reestruturação” das actividades de treino das forças iraquianas que estão a ser asseguradas pelas tropas estrangeiras. Em declarações aos jornalistas portugueses, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, confirmou que Portugal continuará a integrar a missão.

As tropas portuguesas poderão, eventualmente, ser reenquadradas, transitando da esfera de actuação da coligação internacional que combate o Daesh , liderada pelos EUA, para se colocarem ao serviço da missão da NATO, que é comandado pelo Canadá. 

O ministro excluiu para já o cenário de reforço do contingente português, composto por 39 militares, mas não fechou a porta a essa possibilidade. “Futuras circunstâncias poderão ditar outra postura, nas neste momento não estamos a contemplar um reforço dos nossos militares no Iraque”, afirmou, sublinhando que “proporcionalmente, o contributo que Portugal dá é mais significativo do que muitos, em termos de quantidade e qualidade daquilo que oferecemos em termos de promoção da segurança internacional”. 

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