Ryzhik é um gato malhado, desgrenhado e desmazelado que foi encontrado nas ruas da cidade siberiana de Tomsk com as quatro patas completamente congeladas. O felino seria apenas mais uma das vítimas do Inverno implacável que assola a Sibéria se não tivesse sido encontrado por voluntários de uma associação de protecção animal. Dos braços de quem o resgatou, passou para o consultório do veterinário Sergei Gorshkov, em Novosibirsk, a mais de 200 quilómetros de distância, onde foi cuidadosamente examinado.
Agora, dois anos depois, Ryzhik vive uma vida normal na clínica de Gorshkov. O seu andar é marcado por um característico mancar, já que agora o gato tem quatro patas prostéticas. Os mecanismos foram implantados usando uma técnica semelhante à que é utilizada nos implantes dentários em seres humanos.
De acordo com o veterinário, Ryzhik é um dos primeiros gatos do mundo a ter quatro patas de titânio que foram implantadas directamente nos ossos utilizando uma técnica inovadora. “De forma geral, os gatos tentam conservar a sua temperatura corporal ao apoiar-se nas pontas das patas e estas, juntamente com as orelhas, nariz e cauda podem congelar”, refere Sergei Gorshkov.
Mas Ryzhik não é o primeiro gato “resgatado" pelo médico. Também Dymka, uma gata com pelo cinzento e sedoso, que vive em Novokuznetsk, a 300 quilómetros a sudeste de Novosibirsk, tem quatro próteses. Com carácter tempestuoso e quatro patas artificiais, Dymka leva agora uma vida típica de um gato doméstico.
“Ela corre, salta e brinca. O dono costuma enviar vídeos que mostram a forma como ela se movimenta e o resultado [do implante] parece ter sido óptimo. Estamos muito satisfeitos porque não esperávamos tanto sucesso”, afirma o veterinário.
Gorshkov, que também utilizou a mesma técnica em cães pequenos, avança, no entanto, que esta não pode ser aplicada em todos os animais que precisam de um membro artificial.