Confissões de uma europeia triste

No caminho que o mundo leva - e que a Europa leva - temo que, daqui a 10 anos, o Reino Unido se tenha saído melhor do que a União. Seria um péssimo sinal para todos os europeus, incluindo os britânicos.

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1. No dia 29 de Outubro de 1647, na Igreja da Virgem Santa Maria, junto à ponte de Putney, em Londres, um tal Thomas Rainsborough “fez afirmações que ecoaram por toda a História moderna do Ocidente”. Estávamos no auge da guerra civil inglesa e o Exército Revolucionário discutia quem teria direito a votar nas eleições para Westminster. Os “Levellers” travaram uma feroz discussão com Oliver Cromwell. Rainsborouhg era um deles. Afirmou o seguinte: “Na verdade, penso que mesmo o homem mais pobre de Inglaterra, tal como o maior, tem uma vida para viver; e, como tal, Senhor, penso ser evidente que cada homem que vive sob um governo, a ele se deve submeter dando, em primeiro lugar, o seu consentimento; penso ainda que o homem mais pobre de Inglaterra não se pode sentir obrigado por um governo sobre cuja autoridade não exprimiu o seu consentimento”. Sigo, nesta referência, uma das obras mais notáveis de Timothy Garton Ash, publicada em 2006: “Free World – America, Europe and the future of the West”. Reli-a para me ajudar a singrar pelas complexidades do Brexit, tentando evitar a armadilha das ideias feitas sobre os bons e os maus desta história, sobre as virtudes e os defeitos das grandes e das pequenas nações europeias. Mas também para recordar a dívida que o Continente tem para com o Reino Unido – não apenas no século XX, mas ao longo de uma história quase milenar.

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