Um museu temporário para mudar comportamentos para sempre

ReMuseu estará na Doca Ponte, em Alcântara, e terá entrada gratuita. Inaugura-se a 17 de Maio, Dia Internacional da Reciclagem, ficando em actividade durante exactamente um ano. O objectivo é sensibilizar para a gestão do lixo.

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ReMuseu vai nascer no parque de estacionamento subterrâneo da Doca Ponte, em Alcântara

É um museu temporário que tem princípio, meio e fim definidos. É também um museu reciclado, uma vez que procura reaproveitar materiais para que sirvam como parte da exposição. O próprio espaço do museu será também reaproveitado para o efeito, porque o espaço já existe. É ainda um museu reciclável, porque no dia em que o seu prazo de validade chegar ao fim os seus conteúdos e materiais serão todos reaproveitados e reutilizados.

Assim, por baixo da Ponte 25 de Abril e debaixo também do solo, o parque de estacionamento subterrâneo da Doca Ponte, em Alcântara, vai transformar-se no ReMuseu. Ao longo das suas sete salas, o museu será um centro de conhecimento com experiências interactivas e educativas sobre a gestão dos resíduos, a economia circular e o ambiente. O ReMuseu acompanha a distinção de Lisboa como Capital Verde 2020 e abre as suas portas no Dia Internacional da Reciclagem, isto é, 17 de Maio. Passado um ano exacto dessa data o museu será “reciclado”, chegando ao fim a sua actividade.

Com o mote “Repensar, Reutilizar, Reciclar”, além da sensibilização, o ReMuseu pretende tornar-se “um agente de mudança nos comportamentos dos portugueses”, afirmou Pedro Nazareth, director-geral da Eletrão – Associação de Gestão de Resíduos, esta terça-feira na apresentação do projecto. Para atingir esse objectivo, Luís Paixão Martins, presidente da Associação Acta Diurna, caracterizou os museus como “instrumentos únicos porque são contadores de histórias por excelência e escolas vivas em que todos somos alunos e professores”.

Ainda que o conceito seja inovador, a entrada obriga à apresentação de um “bilhete”, sendo este um pouco diferente. Os três primeiros foram entregues, esta terça-feira, por Pedro Nazareth a Fernando Medina, presidente da Câmara de Lisboa, e aos vereadores do Ambiente, José Sá Fernandes, e da Higiene Urbana, Carlos Castro, durante a apresentação do projecto. Ora, os ditos “bilhetes” eram meras garrafas de plástico utilizadas. Assim, explicou Pedro Nazareth, “a entrada será gratuita, estando simbolicamente associada à entrega de uma embalagem usada que valerá um bilhete para o museu”.

Por agora o parque de estacionamento subterrâneo ainda tem as paredes despidas e algumas projecções procuram alimentar a imaginação para aquilo que, em Maio, serão as sete salas do ReMuseu. Até lá, o desafio é precisamente “pôr em pé estas imagens que nos rodeiam”, apontou Pedro Nazareth.

Por seu turno, Fernando Medina disse que a luta contra as alterações climáticas é uma obrigação política que deve “dar caminhos práticos às pessoas que estão mobilizadas para dar uma resposta”. O director-geral da Eletrão alertou que “não chega ficar chocados com imagens de peixes ou aves que acabam por morrer depois de ingerir plásticos nos oceanos”. Um dos objectivos do ReMuseu será contribuir para “ligar essa fotografia e essa emoção ao acto efectivo da reciclagem”, sublinhou.

De acordo com o presidente da Eletrão, Portugal recicla apenas dois dos cinco milhões de toneladas de resíduos urbanos produzidos todos os anos e um em cada três portugueses ainda não recicla ou não o faz de maneira correcta. “Esta é a dura realidade que enfrentamos”, admitiu.

Neste contexto surge o ReMuseu que, segundo Fernando Medina, “toca no ponto central da acção individual”. O autarca disse que o museu da reciclagem “não é uma exposição, é algo que nos vai convocar para uma acção individual e concreta”. “Temos de mostrar como é que cada um pode contribuir para resolver o problema”, acrescentou.

O autarca adiantou que o ReMuseu se enquadra no âmbito da Lisboa Capital Verde 2020 e por isso partilha o objectivo de tornar Lisboa uma cidade “mais verde, mais consciente e mais activa”.

Texto editado por Ana Fernandes

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