Aos 80 anos, Ralph Lauren não tem dúvidas: “Odeio a moda”

Ao longo da vida construiu um império, tendo sido um dos primeiros norte-americanos a abrir uma loja em nome próprio na Europa. E, aos 80 anos, confessa, numa entrevista ao El País, odiar a moda, continuando a seguir a sua “própria voz”.

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“A diversidade é mais importante do que nunca", defende Ralph Lauren Andrew Kelly

Sã0 80 anos de vida e mais de 50 dedicados à moda, sendo hoje um nome incontornável da indústria – e, mesmo depois de se ter visto obrigado a rever as finanças, em 2017, com um plano de restruturação de milhões, Ralph Lauren é hoje o dono de um império, cotado na Bolsa de Nova Iorque e que factura mais de 5500 milhões de euros por ano.

Na semana em que, à margem da Semana de Moda de Paris, recebeu do Presidente francês, Emmanuel Macron, a Ordem Nacional da Legião de Honra, Ralph Lauren deu uma entrevista ao jornal espanhol El País, em que recorda o início da sua carreira, quando vendia gravatas e ainda se chamava Lifschitz (o nome, explica-se no documentário da HBO Very Ralph, teria uma sonoridade final muito semelhante à palavra “shit”, “merda” em português, razão pela qual era gozado), o percurso durante o qual nunca seguiu tendências e os desafios da actualidade, “com uma perda de relevância entre compradores mais jovens, redes sociais e o competitivo mercado de comércio electrónico”.

“Eu odeio mesmo a moda”, desabafa, citado pelo mesmo periódico, salientado que, em vez de “tendências”, seguiu sempre a sua “própria voz”. “Aposto em peças de vestuário com narrativa, qualidade e longevidade.”

E o designer parece estar no caminho certo: “Sobrevivi 52 anos a fazer o que faço, não correu mal e parece que é hoje entendido muito melhor do que há décadas”, considera.

Ralph Lauren, que tem uma fortuna avaliada pela Forbes de 6800 milhões de dólares (6166 milhões de euros), estando entre os 100 norte-americanos mais ricos (em termos mundiais, ocupa o 215.º lugar), não pensa parar. Pelo contrário. O designer, que se tornou famoso pelo pólo e pela aposta num guarda-roupa desportivo, avalia que o futuro passa por “saber como as pessoas se sentem e porquê”. Isto, sem excluir ninguém: “A diversidade é mais importante do que nunca. Não podemos deixar ninguém de fora e queremos respeitar toda a gente.”

Ainda assim, admite estar a pensar na sucessão.

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