Coronavírus contamina mercados: Europa fecha a perder mais de 2%

Bolsas europeias fecharam todas no vermelho, a ceder em média 2%. Companhias aéreas são das mais penalizadas num contexto de preocupação com a expansão do novo coronavírus com origem na China. Investidores refugiam-se no ouro, em máximos de seis anos.

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Reuters/Chaiwat Subprasom

O barril de petróleo Brent para entrega em Março estava hoje a cair 2% no Intercontinental Exchange Futures (ICE) de Londres devido aos receios de um recuo da procura devido ao surto de coronavírus na China. O sentimento negativo alastrou às principais praças europeias, que encerraram a sessão de hoje (por volta das 16h30, hora local de Lisboa) na sua maioria a perder mais de 2%, com a companhias aéreas e as fabricantes de artigos de luxo a serem mais penalizadas.

O coronavírus já provocou 80 mortos e mais de 2700 infectados na China, país que normalmente estaria estes dias a celebrar o novo ano lunar (a bolsa de Hong Kong está encerrada até quarta-feira), mas que viu as comemorações restringidas ao mínimo na tentativa de conter o surto.  

Além de inverter a tendência habitual de consumo que esta altura representa para o mercado chinês, as notícias mais recentes do coronavírus fez com que as restrições de viajar, dentro e de e para o território chinês, afectaram igualmente a evolução dos títulos das empresas de transportes e turismo. Na aviação a alemã Lufthansa caiu 4,33% e a Air France resvalou 5,64%. Na hotelaria, o grupo Accor cedeu 3,48%. 

Nas empresas que lidam com consumo, o sector mais penalizado foi de longe o de artigos de luxo, com a Reuters a avançar que as maiores multinacionais já perderam, em conjunto, mais de 50 mil milhões de dólares de capitalização bolsista desde o surgimento do vírus na semana passada. Hoje a LVMH - Moët Hennessy Louis Vuitton perdeu 3,68%, a Christian Dior afundou 3,69%, a Hermes desvalorizou 4,3%, a Burberry outros 4,78% e a Kering, dona da marca Gucci, caiu 3,61%. 

Em Portugal, o PSI20 cedeu 2,04% (5.178,89 pontos) a maior descida desde Agosto​, e, em Madrid, o Ibex35 recuou 2,05% (nos 9.366,30 pontos). Além da Península Ibérica, as perdas foram de 2,72% para o índice francês CAC (5.860,13 pontos), de 2,67% para o alemão Dax (13.207,38 pontos) e de 2,32% para o britânico FTSE 100 (7.409,91 pontos). 

No fecho das praças europeias, o barril de petróleo Brent (referência para a economia portuguesa) para entrega em Março de 2020 recuava para 59,46 dólares, pela primeira vez abaixo da barreira dos 60 dólares desde Outubro de 2019. O petróleo do Texas caía 0,96 dólares, para 53,23 dólares. 

A queda do preço do petróleo coincidiu com afirmações das autoridades chinesas de que a extensão do coronavírus, que provoca pneumonia, pode acelerar, fazendo temer o impacto do mesmo na economia global, segundo analistas citados pela Efe.

Perante o receio de um recuo da procura, o ministro da Energia da Arábia Saudita, príncipe Abdulaziz bin Salman Al-Saud, afirmou aos meios que esta queda se deve principalmente a “factores psicológicos” e considerou que o ambiente “pessimista” também ocorreu em 2003 durante o surto de SARS, mas que posteriormente se viu que “não causou uma redução significativa” na procura de petróleo.

Ouro em máximos de 2013

Os analistas referem ainda que muitos investidores deverão optar por refúgios seguros como o ouro. A cotação da onça de ouro registou hoje novos máximos desde 10 de Abril de 2013 ao ultrapassar 1585,73 dólares, refere a Efe. No fecho das praças europeias, a onça de ouro estava a subir 1% face ao encerramento na sexta-feira, para 1586,42 dólares.

Actualizado às 17h31m com fecho dos mercados na Europa.

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