Embaló promete convidar Marcelo para a sua tomada de posse na Guiné-Bissau

Em Lisboa, onde espera ser recebido em encontrados de carácter privado com António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa, Umaro Sissoco Embaló diz-se confiante de ter sido eleito Presidente da Guiné Bissau, apesar de o Supremo Tribunal ter ordenado a recontagem dos votos.

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Umaro Sissoco Embaló promete "uma segunda república" na Guiné-Bissau RODRIGO ANTUNES/LUSA

Apesar de novas dúvidas que pairam sobre o resultado das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, o Presidente eleito da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, quer convidar o chefe de Estado português para a sua tomada de posse, que quer que decorra em 19 de Fevereiro, prometendo a Portugal o apoio total nos contactos com a região.

“Domingo tenho um almoço marcado com o primeiro-ministro Costa e depois às quatro [estarei] com o professor Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa”, afirmou, porque “chegou o momento para a Guiné-Bissau e Portugal estabelecerem uma cooperação ‘win win’”, afirmou Umaro Sissoco Embaló, em Lisboa.

O Supremo Tribunal da Guiné-Bissau decidiu na sexta-feira mandar recontar os votos da segunda volta das eleições presidenciais, “para garantir a liberdade e sinceridade da formação da vontade eleitoral, satisfazendo uma reclamação apresentada pelo candidato rival, Domingos Simões Pereira, do PAIGC. No mesmo dia, porém, a comissão de eleições considerou definitiva a vitória de Embaló.

Umaro Sissoco Embaló minimizou a decisão da mais alta instância judicial do seu país: "Estou muito descansado, porque a interpretação jurídica” é “como a matemática” e “a única entidade competente para publicar o resultado é a Comissão Nacional de Eleições” (CNE), afirmou. É a título privado que será recebido por António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa.

O gabinete do primeiro-ministro confirmou que irá decorrer um encontro de carácter privado com Sissoco Embaló no domingo.

Por seu turno, a Presidência da República informou que, “se houver o encontro, será uma audiência de cortesia durante a tarde de amanhã [domingo] e não será aberto à comunicação social”.

Os resultados da segunda volta das presidenciais foram contestados por Domingos Simões Pereira, alegando várias irregularidades. Em declarações ao PÚBLICO, congratulou-se com a decisão do Supremo Tribunal: “É o reconhecimento de que é esse o caminho de respeito pela ordem democrática da República da Guiné-Bissau”, afirmou.​ “Todos sabemos que de acordo com o nosso edifício jurídico, o processo eleitoral é desencadeado pelo Supremo Tribunal de Justiça, que tem competências de Tribunal Constitucional, e todo o processo culmina nesse Supremo, pelo que é completamente inconcebível aquilo que tem sido o desempenho da nossa Comissão Nacional de Eleições, que ignora todas as disposições legais e constitucionais e, claramente a mando de um interesse particular ou de um conjunto de interesses particulares, vem violando sistematicamente aquilo que são as normas. Esta decisão vem repor o direito do povo guineense de saber quem foi o escolhido para chefe de Estado”, declarou Simões Pereira.

Sissoco Embaló, em Lisboa, elogiou a postura do Governo português no processo eleitoral, salientando que as autoridades de Lisboa “nunca tentaram interferir”.“Sempre disse que, se fosse eleito, Portugal seria a porta de entrada da Guiné-Bissau ao nível da União Europeia e do mundo”, referiu, prometendo uma acção recíproca por parte das autoridades guineenses.

“A partir do dia 20 de Fevereiro haverá uma segunda república” na Guiné-Bissau que terá “relações privilegiadas” com Lisboa, disse, prometendo que irá realizar a Portugal a sua primeira visita de Estado ao exterior. “A minha primeira visita de Estado será a Portugal”, disse Embaló.

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