Relações EUA-Irão desde o golpe de 1953 até aos ataques com mísseis de 2020

Quase sete décadas de relações entre norte-americanos e iranianos marcadas por vários momentos de tensão.

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O assassinato do general Soleimani aumentou a tensão entre Irão e EUA ABEDIN TAHERKENAREH/EPA

O Irão prometeu uma dura vingança depois do ataque aéreo norte-americano de sexta-feira em Bagdad que matou Qassem Soleimani, comandante da Força Quds, força de elite iraniana, e arquitecto da sua crescente influência militar no Médio Oriente.

Os Estados Unidos afirmaram que a operação visava evitar um “ataque iminente” que poria em perigo americanos no Médio Oriente.

A seguir fazemos a cronologia dos principais acontecimentos na relação entre os EUA e o Irão:

1953 – A CIA ajuda a orquestrar o derrube do popular primeiro-ministro Mohammed Mossadegh, restaurando o poder do xá Reza Pahlavi.

1957 – Os EUA e o Irão assinam um acordo de cooperação nuclear civil.

1967 – Os EUA fornecem ao Irão um reactor nuclear e combustível de urânio enriquecido a 93%, capaz de ser utilizado em fabrico de armamento.

1968 – O Irão assina o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, o que lhe permite ter um programa nuclear civil em troca do compromisso de não adquirir armas nucleares.

1979 – A Revolução Islâmica do Irão força o xá, apoiado pelos EUA, a fugir. O ayatollah Ruhollah Khomeini regressa do exílio e torna-se o líder religioso supremo. Estudantes fundamentalistas cercam a embaixada dos EUA em Teerão e fazem os funcionários reféns.

1980 – Os EUA cortam relações diplomáticas com o Irão, confisca os bens iranianos e proíbe a maior parte do comércio com o país; a missão de libertação dos reféns ordenada pelo Presidente Jimmy Carter redunda em fracasso.

1981 – O Irão liberta os 52 reféns norte-americanos minutos depois da saída de Carter e a tomada de posse de Ronald Reagan como Presidente dos EUA.

1984 – EUA colocam o Irão na lista dos estados que patrocinam o terrorismo.

1986 – Reagan revela a existência de um acordo secreto de venda de armas ao Irão que viola o embargo dos EUA.

1988 – O navio de guerra norte-americano Vincennes abate por engano um avião comercial no Golfo Pérsico, matando as 290 pessoas a bordo.

2002 – O Presidente George W. Bush afirma que Irão, Iraque e Coreia do Norte são um “eixo do mal”. Membros do Governo norte-americano acusam Teerão de manter um programa de armas nucleares secreto.

2006 – Washington mostra-se disposto a participar em negociações multilaterais com o Irão se se verificar que este suspendeu o enriquecimento de urânio.

2008 – Bush envia pela primeira vez um representante oficial para participar nas negociações com o Irão em Genebra.

2009 – O Presidente Barack Obama diz aos líderes iranianos que estenderá a mão se eles “descerrarem o punho”.

2009 – Reino Unido, França e os EUA anunciam que o Irão está a construir uma instalação secreta de enriquecimento de urânio em Fordow.

2012 – A lei dos EUA dá a Obama o poder de sancionar os bancos estrangeiros que não ajudem a reduzir significativamente as importações de petróleo iraniano. As vendas de petróleo iraniano caem, provocando uma crise económica.

Representantes oficiais de EUA e Irão iniciam conversações secretas sobre o tema nuclear que se intensificam em 2013.

2013 – Hassan Rouhani é eleito Presidente do Irão com base num programa de melhoria da economia e das relações diplomáticas do país.

Em Setembro, Obama e Rouhani falam pelo telefone, o contacto de mais alto nível entre os dois países em três décadas.

Em Novembro, o Irão e seis grandes potências chegam a acordo para um Plano Conjunto de Acção sobre a questão nuclear. O Irão aceita restringir o seu programa nuclear em troca de um levantamento limitado das sanções.

2016 – O Irão liberta dez marinheiros norte-americanos que foram apanhados em águas territoriais iranianas; EUA e Irão levam a cabo uma troca de prisioneiros.

2018 – O Presidente Donald Trump retira os EUA do acordo nuclear em Maio e volta a impor duras sanções económicas ao Irão.

2019 – Os EUA declaram os Guardas da Revolução como “organização terrorista” em Abril.

Em Maio, o Irão anuncia que irá aumentar a sua produção de urânio enriquecido, contrariando os compromissos assumidos no acordo nuclear.

Petroleiros atacados no Golfo Pérsico em Maio e Junho. Os EUA acusam o Irão que nega as acusações.

Em Junho, o Irão abate um drone americano que diz ter entrado no espaço aéreo iraniano e em Julho apreende um petroleiro britânico.

Em Setembro, a companhia petrolífera saudita é atacada por drones e mísseis balísticos alegadamente iranianos; Teerão nega qualquer envolvimento.

Em Dezembro, ataques contra bases militares dos EUA no Iraque matam um cidadão norte-americano. Os EUA acusam uma milícia iraniana no Iraque de estar por trás do ataque e atacam as suas bases em retaliação.

Milícias apoiadas pelo Irão protestam junto à embaixada dos EUA no Iraque, atacando o posto de segurança.

2020 – No dia 3, os EUA matam o general Qassem Soleimani, comandante das Força Quds, unidade de elite dos Guardas da Revolução, num ataque aéreo perto do aeroporto de Bagdad, no Iraque.

Na madrugada desta quarta-feira, o Irão atacou com mísseis balísticos duas bases no Iraque (Al-Asad e Erbil) com militares norte-americanos.

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