Guaidó tomou posse como presidente da Assembleia Nacional, após novo enfrentamento com a polícia

Sede do poder legislativo voltou a ser palco de cenas caóticas. Guaidó só conseguiu tomar posse depois de presidente reconhecido pelo Governo ter realizado sessão parlamentar.

Foto
Juan Guaidó tomou posse como presidente da Assembleia Nacional, mas o seu mandato não é reconhecido pelo Governo de Maduro EPA/Miguel Gutierrez

A política venezuelana continua a viver em duas realidades paralelas, unidas apenas pelo ódio e desconfiança nutrida por cada uma. A nova arena de confronto é a Assembleia Nacional, que voltou a ser palco de cenas caóticas quando duas sessões parlamentares ocorriam quase em simultâneo esta terça-feira.

Quase um ano depois de se ter proclamado Presidente interino, Juan Guaidó renovou o juramento como presidente da Assembleia Nacional, numa sessão rápida e realizada apenas depois de o líder da oposição se ter visto novamente impedido de entrar no edifício pela Guarda Nacional Bolivariana. Guaidó estava acompanhado de cerca de uma centena de deputados que o apoiam, quando foi confrontado pela polícia.

Só ao fim de algum tempo é que o líder oposicionista pôde entrar no edifício da Assembleia para poder prestar o juramento. Por essa altura, descreve o jornal El Universal, a sessão convocada por Luis Parra, que também reivindica a presidência da Assembleia, estava a terminar. Ao entrarem, os apoiantes de Guaidó lançaram gritos de “ilegítimo” para os deputados que estavam com Parra.

O deputado da oposição Ángel Rodríguez negou que a entrada a Guaidó e aos seus apoiantes tenha sido negada, mas que apenas eles tinham chegado quando a sessão parlamentar já tinha terminado. “Acabou a sessão e saímos para o pátio da Assembleia quando nos deparámos com o espectáculo montado por parte da direita venezuelana”, afirmou Rodríguez à Unión Radio.

À entrada para um ano que tem tanto de decisivo, com eleições legislativas marcadas para Dezembro, como de imprevisível, o confronto institucional que estalou quando Guaidó se proclamou Presidente interino é cada vez mais o novo normal na Venezuela. Esta semana, o deputado Luis Parra foi eleito presidente da Assembleia Nacional, o cargo a partir do qual Guaidó justificou a sua iniciativa. Apesar de pertencer à oposição, Parra foi expulso do partido do qual fazia parte e é acusado pelos apoiantes de Guaidó de ter sido “comprado” pelo regime de Nicolás Maduro.

No mesmo dia das duas sessões parlamentares rivais, várias contas de Twitter de instituições e dirigentes governamentais foram canceladas pela rede social, incluindo a da assessoria de imprensa de Maduro, sem que tivesse sido fornecida qualquer justificação. Em geral, a empresa norte-americana suspende contas se houver suspeitas de pirataria, se servirem para enviar spam ou se forem denunciadas por enviarem ameaças ou roubarem a identidade de outros utilizadores.

Sugerir correcção
Comentar