Cientistas defendem fim de pesticidas sintéticos para salvar insectos

Proposto um roteiro com medidas para mitigar o declínio dos insectos a nível mundial.

Foto
Gorgulho (Drouetius oceanicus oceanicus), espécie endémica dos Açores Paulo Borges

Uma equipa internacional de cientistas defendeu que os governos do mundo devem agir para salvar os insectos do declínio que os afecta, principalmente pela destruição de habitats com pesticidas e agricultura intensiva.

Um dos investigadores, Paulo Borges, da Universidade dos Açores, disse à agência Lusa que o roteiro com medidas para mitigar o declínio visa “pressionar os governos do mundo” para que abandonem gradualmente os pesticidas e fertilizantes sintéticos.

Entre as alternativas que defendem no roteiro, publicado esta segunda-feira na revista Nature Ecology and Evolution, está o uso de organismos vivos predadores de pragas, como já acontece na fruticultura biológica”, afirmou.

Outro caminho que defendem os cerca de 70 cientistas coordenados por Jeffrey Harvey, do Instituto Holandês de Ecologia, é “curar os ambientes nos campos agrícolas que promovem habitats para os predadores naturais”, apontou Paulo Borges. “Com a monocultura, remove-se tudo à volta, árvores, arbustos, o que leva a que desapareçam aves e outros predadores que ficam sem refúgio e sem habitat.”

Com a perda de insectos polinizadores, as culturas precisam de “mais agro-químicos” para se desenvolverem, o que torna ainda mais insustentáveis as condições para a sua sobrevivência.

Salvar os insectos do declínio depende também do combate eficaz às alterações climáticas e de medidas para reduzir a poluição sonora e visual.

Para os proponentes do roteiro, é preciso que existam “parcerias público-privadas e iniciativas de financiamento sustentável” para restaurar, proteger e criar novos habitats. “É preciso agir já. As provas que já existem sobre algumas das principais causas do declínio de insectos são suficientes para nos permitir formular medidas imediatas.”

Sugerir correcção
Comentar