Suíça desligou a primeira central nuclear

O país decidiu abandonar a energia atómica em 2017, mas o processo será lento. Mühleberg, próxima de Berna, foi a primeira a ser desactivada, mas levará 15 anos a ser desmantelada.

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A central de Mühleberg funcionava desde 1972 ANTHONY ANEX/EPA
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Técnico na sala de controlo inicia os comandos para desactivar a central PETER KLAUNZER/EPA

A Suíça desligou a primeira central nuclear após o referendo de 2017 que aprovou o abandono progressivo da energia nuclear e proibiu a construção de novas centrais. Após 47 anos em funcionamento, e 130 mil milhões de kilowatts-hora produzidos, a central de Mühleberg, próxima da cidade de Berna, foi desligada, com direito a transmissão em directo pela televisão.

Esta foi a primeira de cinco centrais a ser desactivada porque já ali se verificaram vários incidentes desde que começou a funcionar, em 1972. Houve um incêndio em 1971, ainda antes de começar a funcionar, e foram descobertas fissuras na cobertura do reactor na década de 1990, diz o jornal francês Le Monde. Considerou-se, por isso, que os investimentos necessários para garantir a sua exploração em segurança seriam demasiado elevados.

Apesar de 58% dos suíços terem aprovado a ideia de abandonar a energia nuclear, esse processo não será rápido, e até lá haverá ainda muitos investimentos neste sector da produção energética, para garantir a segurança das centrais que continuam em funcionamento, sem prazo previsto para serem definitivamente encerradas.

A Alemanha apontou 2022 como o ano em que vai abandonar definitivamente a produção de energia nuclear. A Suíça tem calendarizada a utilização das suas centrais bem para além disso. Beznau, que entrou em actividade em 1969 e é a central mais antiga do mundo, é a próxima a ser desactivada. Mas a empresa que a explora investiu 2300 milhões de euros para melhorar a segurança das instalações, diz o Le Monde. Gösgen, que funciona desde 1979, deverá trabalhar até 2040, graças a um investimento volumoso, e a expectativa é que Leibstadt, que data de 1984, continue a trabalhar pelo menos até 2045.

O abandono do nuclear pela Suíça – investindo numa mistura energética leve em carbono, com forte peso das barragens para produzir electricidade – será lento. Tal como próprio desmantelamento das centrais, que é um processo demorado. O de Mühleberg deverá demorar 15 anos e deverá produzir 200 mil toneladas de materiais, que será preciso eliminar. Todo o processo está orçado em cerca de 800 milhões de francos suíços (735 milhões de euros), diz o jornal suíço Le Temps.

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